sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Das coisas que quero mais


É assim a vida que quero levar com você. Com mais leveza, com mais frescor. Ao teu lado no mercado, decidindo-se pelo robalo ou pelo badejo, um beijo, um ramo de hortelã, pote de sorvete e um beliscão na tua bunda que te faz pular e me repreender.

É dessa forma que quero seguir nossos dias. Com chocolate branco pra você e meio amargo pra mim, mas na hora que enjoar a gente troca. E quando derreter nos teus dedos eu lambo cada um e depois beijo a tua barriga. Entre cócegas e tesão você me pede pra parar com cara de quem quer que continue. E eu paro só pra você pedir pra eu voltar.

Entre um vinho branco e outro tinto. Um cabernet e um chardonnay. Minhas cervejas e tuas caipirinhas. Tuas cerejas e meus morangos. Arroz branco e frango acebolado. Churrasco e salada. E uma inesperada mordida no meu pescoço. E agora é minha vez de pedir pra parar, mas eu não peço.

Porque é isso que eu quero de você hoje e sempre. Daqui pra frente e mais adiante. Na mesa de jantar, no sofá, na cozinha e na cama. Na sua casa, na minha casa, na nossa casa. Mais jantares, mais vinho, mais chocolate, mais sexo e muitas gargalhadas. Isso e todo o resto que você me traz. Toda essa bagagem que faz de você o que eu quero pra mim.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Reforma geral no meu coração


É sério. Eu estou cansada. Não aguento mais esses caras que aparecem na minha vida. São todos um bando de pedreiros que não tem a menor sensibilidade e estão, apenas, à procura de um corpo pra satisfazê-los. Vou fechar meu coração para uma reforma geral.

Preciso de um mestre de obras para construir um coração nesse terreno vago que trago no peito. Alguém que chegue e bote ordem na peãozada. Que saiba olhar o esqueleto do meu edifício e identificar onde ainda falta reboco, onde precisa de mais argamassa. Um cara que consiga endireitar a viga mestra da minha vida. Que ladrilhe cada lugar com esmero. E um engenheiro que estruture tudo isso.

Eu preciso do arquiteto que vá dizer que podemos quebrar uma parede aqui, abrir uma janela ali e assim deixar minha vida mais arejada, com o sol da manhã batendo pra me aquecer. Que escolha a cor da parede. E que seja uma cor viva, quente. Um paisagista que plante um jardim na minha porta e traga flores para o meu dia.

Mas de pedreiro que assovia e dá cantada barata, chega. Desculpe o transtorno, mas estamos em obras para melhor atendê-lo.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Arriscado ensaio sobre las mujeres


Sou um apreciador da linhagem feminina. De suas cores, aromas, gestos e desejos. Há sempre algo de surpreendente nas mulheres. Das bruacas às modelos, todas têm um não-sei-quê de amor, beleza e um punhado de chatice. As mulheres são amáveis e detestáveis. Instáveis. Umas desequilibradas e outras equilibradas demais. Cada qual com seu charme. E que chame.

Por essas e outras, mais quentes, um homem deve sempre respeitá-las. Mesmo aquelas que descem a mais rasteira das sem-vergonhices, que têm lá suas razões, claro, devem ser tratadas como mulheres. Essas, aliás, são originais como uma antártica do velho e bom Marujo. Autênticas como um código de barra de uma barra de chokito. Coisita fina. Ainda assim, com peripécias e tudo, elas merecem ser respeitadas. Merecem consideração e perdão (voto de confiança é outra coisa, people).

O mancebo, para sintonizar no dion feminino sem ruídos ou perda de sinal, deve obedecer regras básicas. Corrijam-me se eu estiver enganado, moças. Mas mulher detesta marmanjo ignorante. Muitas nem gostam do excesso de musculatura, sempre avermelhada na volta da academia. Carinho é sempre bom. Mas sem muita frescura.

Mulher não gosta de homem assustador. Nem frouxo demais. O cabra deve, acima de tudo, ter foco. Não podem ser como Rambo no Vietnã, de cabeça avermelhada e metralhadora na mão. Temos de ser atiradores de elite. Mirar, concentrar e atirar.

Foco é tudo.

Necessário na conquista e também para manter um bom relacionamento. Os modernos garantem uma fêmea e ponto. E descobrem a dita cuja por inteiro. Conversam, brincam, transam, brigam e se separam - não necessariamente nesta ordem - e depois partem para outra. Isso me lembra conselhos da mamãe na minha velha infância: "Come devagar, menino. Uma de cada vez". Só pra registrar: falo do biscoito de chocolate. Boníssimo!

Enfim, vocês, mujeres, não gostam de nhén-nhén-nhén. De homem indeciso. Discutir a relação? A iniciativa deve ser delas. A gente escuta, faz um carinho, dá uma enrolada, diz que vai mudar e pronto. Ou, simplesmente, dá de ombros (mas tem de ser numa quarta, dia de clássico) e conversa depois, quando tiver tudo numa relax, numa tranquila, numa boa.

Mas, atenção, gloriosas. Não sou professor de nada. Apenas aprendiz de tudo. Corrijam-me se eu estiver - total ou parcialmente – errado nesta arriscada missão de decifrá-las. Pra mim vai ser ótimo aprender mais um pouquito más.

Fui!

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Aprendendo com o não

No rádio o Herbert Vianna cantou “se eu nunca quisesse quem nunca me quis” e aquilo me bateu como uma marreta na cabeça. Se eu nunca quisesse quem nunca me quis, certamente a vida teria sido bem mais fácil. Mas teria valido a pena? Teria sido tão surpreendente? Eu teria todo o aprendizado que tive?

Quem ama e é correspondido vive. Mas quem ama sem ser correspondido sobrevive. E é na sobrevivência que conhecemos a dor. É a dor que nos traz a força.

Porque se eu nunca quisesse quem nunca me quis, não teria ficado debaixo de chuva esperando a Aninha chegar do trabalho pra encontrá-la “acidentalmente”. Não teria inventado um estranho gosto por vitamina de abacate com aveia, mel, tofu e amendoim, só para acompanhar a Márcia naquela lanchonete natureba.

Se eu nunca quisesse quem nunca me quis, não teria chorado ao ver a Helena beijando o Leco na festa de formatura. O álcool ajudou, é claro. Mas eu amava aquela menina. E ela nunca me quis. Nem como amigo. Essas experiências e algumas outras me ensinaram muito. Ensinaram a perceber que nem tudo o que queremos podemos ter, mas também que se nos esforçarmos, conquistamos pontos.

Aprendi que ouvir não faz mal para o ego, mas faz bem pra ter persistência. E aprendi que abacate, tofu, mel, aveia e amendoim dão diarreia.

Por isso, Herbert, se eu nunca quisesse quem nunca me quis, não seria o homem que sou hoje. Não teria ouvido os nãos que me fizeram aprender e crescer. Aliás, acho que se eu (e todos os outros homens do mundo) nunca quisesse quem nunca me quis, nem a Gisele Bündchen seria tão famosa. Afinal, ela só é quem é por ser desejada. E por não desejar nenhum de nós, mortais. Se bem que ela ainda não me conhece, né? Será?