sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Para te agradecer

*Por Iêda Campos Vilela

Querido Aldo,

Fiquei um bom tempo me perguntando por que você não tinha sequer me respondido quando eu te procurei. Gastei um bom tempo tentando achar essa resposta. Tachei de falta de educação. Ou até pura e simples falta de interesse.

E foi então que eu percebi que não me importo. Porque eu só preciso de uma coisa: que você me escute. Mesmo que seja à distância. Mesmo que seja via sinal de fumaça... Eu preciso dizer certas coisas que talvez você nem tenha interesse em saber, mas eu preciso colocar pra fora.

As energias negativas da última conversa precisam sair de mim e isso só vai acontecer no momento que eu conseguir te dizer que você foi o cara mais legal da minha vida. E não pense que isso é uma cantada ou que estou te dando mole. É apenas uma carta de alguém que passou na sua vida, viveu coisas legais ao seu lado, cresceu com você, aprendeu com você, ensinou para você, enfim, trocou muita coisa legal.

Lógico que tiveram coisas ruins, também, e tristes em momentos difíceis. Mas isso, nessa carta, não me interessa nem um pouquinho. Por você ter sido meu namorado eu ando beeeem mais exigente.

Você participou da minha virada de menina para mulher. Esteve ao meu lado em momentos legais e importantes. E eu quero agradecer. Dizer que foi legal! E que eu queria muito, um dia, poder ser sua amiga. Mesmo que seja como deve ser: em silêncio e à distancia. Apenas nas lembranças.

Beijos,
Suzie Q.

*A partir de hoje o Alguns Momentos passa a publicar, uma vez por mês – sempre na última semana –, um texto de um amigo do blog. Tem uma história para contar? Quer escrever também? Mande seu texto para blogalgunsmomentos@gmail.com

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Amor de Carnaval

Vem cá, samba aqui. Pula teu carnaval no meu bloco. Me amarra em você com serpentina, enche minha vida de cor, feito confete. Eu canto a marchinha. Eu me visto de bate-bola. Pierrô ou Arlequim. Polícia ou Ladrão. Mas fica aqui, dança mais essa comigo, mesmo que não seja de corpo colado. Alalaô, mas que calor! Gruda que quero sentir você suando.

Fica mais, quebra aqui. Vem pra minha ala, usa a fantasia que pensei pra nós dois. Toco bumbo, pandeiro, cuíca, toda bateria. Faço paradinha só pra você. Viro mestre-sala. Viro destaque de carro. Viro, rodo, giro, entorto. Mas vem cá, samba aqui comigo.

Vem, veste meu abadá e entra pro lado de cá da minha corda. Eu empurro o trio pra você. Faço teu circuito. Entro em curto. Curto todos os sucessos do axé. Barra-Ondina. Dodô-Osmar. Olha o mar, dá mais um beijo. Eu faço teu camarote. Mas não vai, não. Vamos dar mais uma volta.

Vem cá, olha pra mim. Na rua, no bloco, no trio, no sambódromo. Vem cá, fica aqui. Eu te quero junto. Vem cá, toma mais um gole. Ainda é cedo. Vem cá, quarta-feira ainda tá longe. Vem cá, descansa no meu colo. Eu não te largo mais. Sem essa de amor de carnaval. As cinzas de quarta vão queimar por muito tempo ainda. Vem cá, vem?

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Porque não

Eu quero que você entenda isso: não tem nada de errado com você. Mas eu também não vou ficar aqui naquele papo de “não é você, sou eu”. Não! Também não tem nada de errado comigo. Mas eu simplesmente não estou afim de você. E não quero levar adiante uma coisa que seria meio forçada, sabe? É errado com você e, principalmente, comigo.

Então entenda: você é, sim, um cara muito legal. Você é, sim, um baita partido. Você é, sim, o genro que toda sogra sonha. Mas não é pra mim. Não é! E não foi por um erro seu. Não foi por algo que tenha dito. Não foi porque o beijo é ruim. Nada disso. Não foi, simplesmente, porque não.

Sabe aquela coisa de criança de “porque não” não é resposta? Pois é. Bela bobagem. Porque não é resposta sim. Resposta super plausível. E, como você demonstrou tanta maturidade, espero que entenda. É só isso. Quando você pensar “porque ela não quis continuar comigo?”, saiba que a resposta é só essa: porque não.


Pra ler ouvindo: http://letras.terra.com.br/los-hermanos/69088/

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Falando abertamente

Às vezes paro pra ouvir meus amigos e pensar sobre as incríveis histórias de relacionamentos que eles têm. Penso em todas as possibilidades, reviravoltas, tensões, brigas e me espanto. São tantas coisas que acontecem por nada. Tanta bobagem que poderia ser resolvida com um bate-papo, mas que acaba em homéricas discussões. Tanta falta de sensibilidade de um lado e de outro. Me assusto.

Penso também no rumo que minha vida poderia ter tomado com a continuação de outros relacionamentos. E pensando nisso eu sempre me imagino com uma moça e me vejo velho antes da hora. Penso como seria estar com outra e me vejo castrado, infeliz. Tento ainda imaginar como teria sido com mais uma e me vejo alcoólatra. Com todas, me vejo superficial. Em todos os quadros, me vejo incompleto.

E ai, por menos religioso que eu seja, só tenho um pensamento: obrigado, Deus (seja lá você quem for). Obrigado por ter posto ela na minha vida. Obrigado por ela ter chegado cheia de calma, compreensão. Obrigado pela sobriedade, seriedade e solidariedade dela. Pelos ensinamentos que pude ter e tudo mais. Obrigado por ela me deixar mais seguro, mais sereno, mais completo.

Obrigado por ela.