sexta-feira, 28 de junho de 2013

Pra reviver, nem que seja na lembrança*

*Por Heloyana Travassos

Deixa eu te ouvir assobiando no portão para chamar a gente para ir ao Varejão no sábado de manhãzinha. Deixa eu te ouvir cantando “um coração para amar”. Deixa eu ouvir você apoiando minhas idéias e opiniões. Deixa eu sentir o barulho da  máquina de costura e sua voz baixinha cantando músicas nostálgicas.

Deixa eu sentir suas mãos sobre minha cabeça e braços incansantes de fazer carinho. Deixa eu acreditar que você nunca mais vai sair de perto de mim. Deixa eu sentir seu beijo. Deixa eu ter vontade de rir das suas piadas e trotes. Deixa eu pensar que você guardou muito bem guardado tudo o que eu escrevia naquelas cartas lamentando sua ausência ao meu lado, já que distâncias tão cruéis separavam a gente. Deixa eu também ouvir seus segredos de novo. Você me disse que só eu sabia...

Te amo por toda eternidade!

*O Blog Alguns Momentos publica, uma vez por mês – sempre na última semana –, um texto de um amigo do blog. Tem uma história para contar? Quer escrever também? Mande seu texto para blogalgunsmomentos@gmail.com

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Indevidamente

Eu sei que não devia, mas ainda guardo tuas fotos, cartas e recordações. Ainda tenho aquele embrulho de presente. Ainda tenho aquele recorte de jornal e o cartão da confeitaria escondida que descobrimos nas ruas de Buenos Aires. Ainda tenho todos teus dados anotados. CPF, RG, data de nascimento, endereço, conta bancária, matrícula da faculdade (que você até já acabou), e até teus programas de fidelidade.

Você não sabe, mas ainda tem gente que me liga querendo falar com você. Aquelas coisas de promoção de operadora de telefonia, TV a cabo e internet. Também ligam das lojas. As que eu comprava presente pra te dar, fazia cadastro no teu nome, mas deixava meu telefone com medo deles ligarem antes de eu te entregar a compra e estragarem a surpresa. Você ia adorar receber uma ligação dessas, afinal tu quase sempre morria de curiosidade sobre os presentes que te comprava.

E quando viajo, ainda coloco teu nome e telefone para casos de emergência. Quero que você seja a primeira a saber que meu coração parou de bater. E a culpa foi sua.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Braços abertos

Vem cá. Sem pressa e sem medo. A gente pode planejar um futuro onde a gente faz um filho, escolhe um nome bem bonito pra batizá-lo num domingo de sol, com você linda num vestido branco rodado. Mas antes vem aqui, deixa eu te fazer um chamego, uma massagem com óleo aromático e assim você relaxa um pouco. Esquece o que tem lá fora.

Vem aqui e deita do meu lado pro teu sono ficar mais aconchegante. Amanhã a gente acorda e passa o dia na cama comendo, se comendo. Pode ter tapioca, pão, ovo, bolo e sorvete. Pode ter frutas e café. E nos intervalos pode ter teu gosto na minha boca. Eu escuto tuas histórias e defendo meus pontos de vista sobre tudo. E você pode discordar, que eu te gosto é mesmo assim, com mais raiva que calma.

Vem que aqui comigo, quem sabe, a gente não aprende a tocar aqueles instrumentos. Você, o pandeiro, eu o violão. E juntos a gente faz nossa banda de sucesso que tocará na cozinha lá de casa na nossa própria festa regada a champanhe e qualquer uma daquelas mil receitas do livro de culinária que está pegando poeira na estante. E a gente bebe e come e se come. E canta os sucessos de ontem e cria os sucessos de agora e de amanhã, porque nosso real reconhecimento vai ser só depois que a gente morrer. E isso ainda vai levar tempo.

Vem cá que eu vou ajoelhar e beijar tua mão. E vou olhar no fundo do teu olho pra te dizer que você não precisa de medo. Que com calma a gente vai conseguir ajudar todos os amigos que precisam e ainda resolver nossos próprios problemas. E eu vou gostar de você assim. E você vai gostar de mim desse meu jeito aqui.

Vem cá, vem? Não sei onde você está. Não sei se você é. Mas vem. Pode vir que eu estou esperando.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Contínuo

Eu não parei de sorrir, apesar da tristeza. Ainda há muitos motivos por aí pra me fazer sorrir. Muitas histórias que venho descobrindo – e você sabe bem como gosto de conhecer as histórias das coisas e das pessoas –, muitas noites regadas a cerveja e risada com os muitos amigos que me divertem.

Também não parei de me divertir, apesar da falta de tesão. Ainda há muitos programas que me satisfazem. Shows, pequenas reuniões lá em casa ou na casa de alguém. Misturar os amigos da vida, com os da escola, os da faculdade e os do trabalho só pra ver o caos se formar – e você sabe bem como gosto de ver esse tipo de caos formado.

Eu não deixei de ser eu, apesar de não ter você. Ainda mantenho meu pensamento positivo. Canto as velhas e novas músicas com entusiasmo, dou bom dia pra todo mundo e me irrito no trânsito – e você sabe o quanto eu me irrito no trânsito. E continuo com aquela vontade insaciável de viajar para todos os lugares.

Mas eu não estou completo. Minha diversão não tem sido tão relaxante. E meu sorriso tem sido só um sorriso e não mais o meu sorriso pra você.