sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Era uma vez

Era uma vez um cara que sempre sonhou em escrever um texto iniciado por “Era uma vez...”. E ele sonhava isso porque, para ele, uma história que começava assim só poderia estar acabada. Terminar as coisas era muito difícil pra esse cara.

Mas ele tinha passado por tanta coisa. Tinha vivido tantas histórias com alegria, tristeza, diversão, chateação, euforia, tédio, que ele precisava terminá-las. Ele precisava de um texto com “Era uma vez...”.

E esse era o texto. Era uma vez um cara que queria escrever um texto assim. De final, de término, de conclusão. Um texto que colocava aquele ponto, que chama de final, lá onde ele deve ficar.
Era uma vez esse texto. Era uma vez um fim. Era uma vez um novo começo.

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Superação*

*Por Aline Matos

Alguns dias minha irmã me perguntou: "Você ainda sente falta dele?? Conseguiu superar?"

Eu não sabia responder.

Mas hoje quando vi suas fotos, vi seu sorriso, seus olhos, já tinha até me esquecido como eram.

A felicidade estampada em seu rosto.

Percebi que não senti nada daquilo que uma garota que se sente abandonada, rejeitada, trocada sente. Nada de raiva, dor, angustia, ódio. Nada de ruim.

Fui inundada com tanta alegria, com paz, esperança. Com tranquilidade!

Fico feliz que você se achou. E vejo que tudo tem seu tempo, sua hora certa! Fico tão feliz por sentir tantas coisas boas ao seu respeito.

Queria poder lhe dizer, mas você... você não saberia escutar!

Desejo que seu novo caminho seja longo e feliz. E que o meu, seja como eu sempre desejei, feliz e tranquilo. Cheio de sorrisos e emoções. Estou verdadeiramente feliz por vc!

E estou verdadeiramente feliz por mim, por não mais te pertencer. Por ser livre e provar das coisas belas da vida! Obrigada!

*O Blog Alguns Momentos publica, uma vez por mês – sempre na última semana –, um texto de um amigo do blog. Tem uma história para contar? Quer escrever também? Mande seu texto para blogalgunsmomentos@gmail.com

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Primeira impressão

Primeira coisa que achei, quando te vi, foi que você era linda. Linda e gostosa. Bem gostosa. E te desejei. Aí você pediu um copo, encheu e deu um gole, com vontade, na cerveja. E eu te quis ali, naquele momento mesmo. Não me importava nada que estava ao redor. Mas, claro, me contive.

Sentei ao teu lado. E aí, a segunda coisa que achei, quando te vi, foi que você era doce. Voz suave, tranquila. Os goles seguintes foram nessa sintonia, pequenos, suaves, tranquilos. E aí achei que você era diferente. Opiniões, pontos de vista. E depois achei que você era gulosa. Pediu comida, mas não comeu.

Por último, achei, quando te vi, que você devia ficar mais. Não ir embora tão rápido. Tomar mais uma cerveja, pedir mais um kibe, mesmo que ficasse intocado. Falar mais, só pra eu te ouvir. Podia dar uma opinião qualquer. Contar uma história. Só queria continuar a ouvir teu tom calmo de voz.

E hoje, quando te vejo, a única coisa que eu acho é que te amo. Assim, do jeito que você é. Confirmadas, ou não, as primeiras impressões. Com outras percepções. Com novas e felizes descobertas. Com coisas ainda a descobrir. Com tudo que há pra viver. Te amo.

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

A primeira vez

- Vai com calma, tá? Eu nunca...
- Eu também não. To meio sem saber nem o que fazer.
- Nunca? Você nunca...
- Não. Eu não.
- Eu achei que... ah, essas coisas de menino, de ir em puteiro.
- Não! Eu não! Nunca... e você é minha primeira namorada. Eu nunca. To meio paralisado.
- Acho que era bom a gente tirar a roupa, né?
- Hahaha! É! Claro. Mas deixa que eu tiro a sua.
- Me beija, Duda!
(Beijo pegando fogo)
- Você tem camisinha?
- Eu tenho uma na minha carteira. Eita! Ficou lá em baixo na sala.
- Eu busco. Ficou lá no sofá?
- É, ou em cima da mesa...
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- Tava na mesa mesmo. Toma.
- Valeu.
- E aí?
- Quê?
- Não vai colocar?
- Não é assim. “Ele” precisa ficar duro, né?
- Não tá?
- Não. Acho que ele acalmou nesse meio tempo que você foi lá em baixo.
- E como volta?
- Bom, a gente pode voltar a se beijar...
- E você apertar minha bunda, né? Safadinho!
- É... é... ajuda.
- Então, vou tirar minha roupa.
- Não! Deixa que eu tiro...
- Ops... a blusa já foi.
- Então deixa o resto comigo.
E Duda conseguiu. Tirou o sutiã de Janaína sem a menor dificuldade. Admirou seus peitos e os beijou com toda empolgação.
O resto? Isso a natureza humana se encarregou de fazer acontecer.

Este texto faz parte da primeira tentativa deste blog de criar uma história longa e não apenas um conto. Acompanhe a continuidade dele pelo marcador #desenvolvimento

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Coração abandonado

Esses dias, estava aqui em casa arrumando umas gavetas. Você sabe, né? Eu tenho dessas coisas de parar pra organizar o que vai ficando bagunçado com o tempo. Sim, já passava da meia noite, como sempre. Mas enfim, não é isso que eu ia contar. Eu ia dizer que estava num desses meus arroubos de organização madrugada a fora, jogando uma porção de papel, recibos, contas pagas, entre outras bobagens fora e, aí, você nem vai imaginar o que eu achei.

Achei teu coração. Não o teu, esse que bate aí no peito. Mas o meu. O meu coração que era teu.  O meu coração que te dei naquele domingo de tarde, quando te conheci, entre uma gracinha e outra, uma contação de vantagem pra cá, outra pra lá e percebi que era você a mulher da minha vida. Você nem sabe, porque, afinal, você nem me deu muita bola aquele dia. Mas foi lá mesmo que te dei esse coração.

E ele tava ali no fundo de uma gaveta. Meio amassado, empoeirado. Desbotado, coitado. Perdeu aquele viço do vermelho-sangue-vivo-forte. Perdeu a força, já não estava mais batendo.

Mas foi só eu pegá-lo na mão para que ele se aquecesse. Acho que minhas boas memórias de você foram como um choque de desfibrilador nele. Devagarinho, foi batendo. Tum Tum Tum Tum. O ritmo acelerou, minha lembranças também. Deu saudade e ele se inflou. A cor voltou.

E aí eu me perguntei: por que, mesmo, tudo acabou? Era tão bom. Tão bonito. Tinha tanto futuro, tanto amor.

Lembrei por quê. E o teu coração também. Imediatamente, ele voltou ao estado inicial em que o encontrei. Estado de abandono. Como você o deixou.

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Esperança*

*Por Maria Carolina

No dia 1 de janeiro pedi com força para acreditar que algo muito bom pode acontecer todos os dias. No dia 3, tropecei em você.

Agora sim acredito nos amores de sorte. Naqueles que se encontram sem tática nem estratégia em noites confusas e sem pretexto.

Acredito na sedução do falar e escutar, do escutar e falar.

Não tenho mais dúvidas que existe o olhar de admiração que eu tanto pedia pra encontrar.

Acredito em primeiros beijos ao som de Beatles.

Em ser levada a andar de mãos dadas.

É muito, muito doido, mas acredito em apostar corrida na chuva enquanto completo frases em uma língua que não é minha. Tudo isso para alguém me provar que sou boa, SIM, em lateralidade e inglês, mesmo que a humanidade me diga todos os dias que não.

É bastante chato, mas quatro anos depois de dedicar minha vida a uma monografia, finalmente acredito que existe um moço perdido no mundo disposto a contestar a minha opinião sobre como a justiça e a imprensa operam no controle social do estado (ufa).

Sei que esse moço topa sentar comigo na calçada a qualquer hora que o cansaço bate pra rir muito dessas maluquices depois.

O mais sensacional: agora acredito no amor do jeitinho que gosto, mas sem medo, com milhões de carinhos.

Acredito em ser convidada a deitar no peito depois, em ouvir poesia, em completá-la, em ser completada.

Acredito tanto que, em alguns momentos, tenho certeza que você nem existe. Nessas horas, abro as listinhas que me deixou e vou degustando com paciência suas músicas, poesias e autores preferidos.

Meu medo é que eu deguste tudo e finalmente precise voltar ao mundo real.

Não sei o que você está fazendo, mas tenho certeza que fará o mesmo com as listinhas que deixei.  Afinal, “nuestra táctica es quedarnos en nuestros recuerdos, no sabemos como, ni con qué pretexto, pero quedarnos en nos”.

*O Blog Alguns Momentos publica, uma vez por mês – sempre na última semana –, um texto de um amigo do blog. Tem uma história para contar? Quer escrever também? Mande seu texto para blogalgunsmomentos@gmail.com



sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Astrologia

Tá escrito. Não esse escrito aqui. É aquele astral, astrológico, nas estrelas. “Tá escrito nas estrelas”. Não é assim que o pessoal fala? Pois então. Tá escrito. Pode pegar uma luneta aí e olhar para o céu que você vai ler. Aliás, agora você até tem olhado mais para o céu, né?

Então, viu lá? Conseguiu ler? Tá ali, no cantinho, letras pequenas, quase no fim. Vê de novo. Achou? Então, você até pensou que era tudo inferno astral, hein? Mas tem o tal do paraíso astral também. É o que dizem. Eu não entendo muito dessas coisas de astros e signos, planetas, ascendentes. Mas o povo fala muito, deve ser verdade, né?

Pois então, tá escrito ali no finzinho do seu paraíso. Meu nome. Era eu que ia chegar, mesmo que o paraíso não tenha sido assim tão sombra e água fresca num Jardim do Éden. É que as vezes a gente tem que passar pela tempestade, pra vir a bonança. Não é isso também que o pessoal vive dizendo por aí?

Então, agora, a gente faz um novo paraíso. Eu e você feito Adão e Eva. E a gente pode comer maçã. E pode se vestir com algo mais além de folhas de parreira. E pode dormir numa cama confortável e quentinha. E pode pecar e pedir desculpa. E aprender errando. E comemorar os acertos.

A gente pode tudo. Você e eu no nosso paraíso astral, terreno, lúdico, real, imaginário. Não importa. O paraíso é onde a gente se sente bem. Acho que isso é o povo quem diz por aí também. Mas agora vem aqui, me abraça, que o importante é o que você me diz.

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Voyeur

Ele gostava mesmo era de observá-la. Perdia incontáveis minutos, horas, dias, só admirando cada reação dela às coisas do dia-a-dia. Cada traço de admiração por algo novo, de espanto por algo estranho e de felicidade por alguma vitória. Cada sorriso a cada encontro. Cada desânimo a cada despedida.

Ele gostava de vê-la comendo. Pouquinho a cada vez. Mas degustando as garfadas como se fossem as últimas. Lambendo os dedos com vontade. Sentindo o aroma, testando o sabor, em separado, de cada ingrediente.

Ele enlouquecia ao vê-la sorrindo. Principalmente se fosse dele. Ou pra ele. Ou com ele. Ou de qualquer coisa. O importante era que ela sorrisse. E ele fazia muito para que isso acontecesse sempre que possível.

Ele adorava vê-la se arrumando. A toalha molhada enrolada no corpo. O cabelo pingando. Os pés entrando, delicadamente, pela calcinha. A bagunça de suas maquiagens. O olhar compenetrado pro espelho enquanto passa o lápis no olho. O sutiã abraçando os seios. O vestido que, definitivamente, veste seu corpo como se não houvesse nada mais apropriado.

E, ainda, gostava também de vê-la falar, contar suas histórias. Desabafar sobre seu dia. Relembrar um acontecido. Revelar um segredo. Abrir mais uma página do seu livro. Ele gostava de observá-la e, assim, se sentia mais próximo a ela.

Mas, mais que observar, ele gostava mesmo era dela. Todinha.



sexta-feira, 25 de julho de 2014

Passou...*

*Por Aninha Ulhôa

Morro quantas vezes achar necessário. Pra depurar a alma, pra esmiuçar a dor. Mas por você não morro mais.

A transitoriedade de tudo, que sempre me causou certa angústia, hoje me consola...bom saber que tudo passa. Apesar de ter certeza que certas coisas duraram mais do que deveriam.

Se bem que é irônico falar que você passou. Porque a palavra é essa mesma...você PASSOU pela minha vida, nem se dignou a entrar. Como alguém que passa pela porta da sua casa e lhe acena um cumprimento de bom dia que não denuncia a cumplicidade que ali existe.

Existe? Já não sei se existe mesmo...se algum dia existiu. Outro capricho da transitoriedade é que quando se finda um ciclo você olha pro passado e se questiona se aquilo tudo foi fato ou invenção. A mente da gente prega peças...o coração então, pff...

Eu tenho um código rígido. As pessoas que fazem parte da minha vida têm que me fazer me sentir melhor. Porque sozinha eu estou ótima, de má companhia já me vacinei. O bom de você ter infringido minha lei básica de auto proteção é que finalmente conseguiu a atenção que cobrava. Sim...eu prestei atenção no tanto que você me fez mal.

Contrariando Paulo Leminski decreto que você, na minha vida, passou...basta. E pra evitar a saudade burra, que só se lembra das coisas boas, resolvi passar para o papel tudo que remoí o dia inteiro. O papel, diferente da saudade, registra a mágoa. E eu, diferente de você, sou fiel a mim mesma e me prometi que por você não morro mais.

*O Blog Alguns Momentos publica, uma vez por mês – sempre na última semana –, um texto de um amigo do blog. Tem uma história para contar? Quer escrever também? Mande seu texto para blogalgunsmomentos@gmail.com

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Buffet

Já provei diversos corações. Degustei como as maiores iguarias que existem no mundo.

Alguns vieram bem temperados, com bons acompanhamentos, mas que serviram apenas para esconder a má qualidade da carne. Outros, bons, porém em pequenas porções, não me serviram nem de entrada.

Outros, servidos em bandeja e fatiados com talheres de prata, me foram apresentados com tanta pompa que me empolguei. Mas não passaram de mero confete. Espuminha de canapé. Muita pompa pra pouca sustância.

Muitos foram doces. Saborosos, daqueles que dão vontade de não parar nunca de provar. Derretiam na boca. Borbulhavam o estômago ao sentir o cheiro. Acalentavam a alma depois de comê-lo. Mas acabaram-se, sem direito a repetir, tampouco a sobremesa.

Também vieram os corações surpresa (ruim). Uma bela e apetitosa casca, mas um horrível e amargo recheio. Desses não cheguei nem a terminar de comer a casca. Na primeira garfada do recheio já senti que era melhor trocar de prato.

Mas agora, o que me farta, o que me satisfaz é devorar você. O seu coração, cru, carne viva, sangrando. É dele que eu quero mais. É ele que me deixa satisfeito. Entrada, prato principal, sobremesa. Assim mesmo, sem tempero, sem preparo, sem criação. Puro, limpo, simples. Servido ao natural, como uma fruta arrancada do pé e mordida no mesmo instante.

Não quero prato. Não quero talher. Não quero guardanapo. Vou te comer com as mãos e me lambuzar.

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Dia dos Namorados – Parte II

- Oi.
- Oi. Que bom que você chegou! Entra...
- Você tá linda!
- Ah, bobo! Para! Tô normal, calça jeans blusinha. Nada de demais.
- Mas é isso que é mais lindo. Você não precisa de muito.
- Nossa, melhor presente de dia dos namorados que eu podia ganhar!
- Ah, é? Então deixa eu jogar fora essa sacolinha aqui.
- Não! Eu quero. O que é?
- Abre...
- Ah, que ursinho lindo. Eu adoro ursinhos!
- É, percebi. Aquele dia que acordei no seu quarto foi a primeira coisa que eu vi. Aliás, as primeiras!
- Ele vai pra lá, junto dos outros. Obrigada!
- Eu também tenho um presente pra você. Tá lá no meu quarto, depois eu pego. Vamos comer primeiro? Tô morrendo de fome.
- Vamos!
- Minha mãe deixou uma lasanha aqui... e tem refri na geladeira. E sorvete!
- Huuumm!
- Que filme você quer ver? Eu aluguei uns 4 dvds na locadora.
- Quais são? Deixa eu ver!
- Me dá um beijo antes?
- Só um.
- Só. Mas um daqueles!
Beijo (quente!)
- Você nunca tinha passado a mão na minha bunda... Assim, sóbrio. Tirando o dia do porre!
- Desculpa. Me empolguei! Não queria...
- Ei! Desculpa o quê? Quem disse que eu não gostei?
- Sério?
- Claro. Inclusive, vem cá apertar mais!
- Você não tava com fome?
- Duda...
- Eu sou bem trouxa na maioria do tempo, né?
- Não. Você é lindo. Um lindo que vai, agora, me beijar e apertar minha bunda.

CONTINUA

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quinta-feira, 3 de julho de 2014

Aos prantos

Diziam que ela era chorona. Manteiga derretida, frágil, facilmente abalável. Várias expressões eram usadas para defini-la. Mas ela não se importava. Ela chorava mesmo. Sem constrangimento ou qualquer tipo de vergonha. E fazia porque sabe que cada vez que a gente segura o nosso choro, um pedacinho da gente morre afogado em mágoas.

Então, que molhasse o rosto, a camisa, o lenço. Que ficasse com olhos vermelhos, inchados. Antes qualquer uma dessas coisas a se afogar naquelas dores. Ele foi embora porque quis. Ela sentia falta. Não ia esconder de ninguém.

Melhor botar pra fora e deixar que o choro escorra. Que as lágrimas se esvaiam. O que ela não quer é matar afogado, dentro dela, um pedacinho do seu coração. Ele tem que estar inteiro, pronto para um novo amor.

sexta-feira, 27 de junho de 2014

Pra ler você*

Por Priscila Sales*

Ah, menino...Se soubesse que entre tantos papéis ainda tenho tempo de pensar em você! Que uma promessa me fez ter vontade de escrever para você ler. Que de tão longe se faz presente e que, em poucos detalhes - como um comercial de tv - me dá vontade de conversar e ouvir sua risada!

Menino, se soubesse o quanto sou irônica e destemida, não tinha me jogado nesse mundo tão distante de escrever. Meu mundo são os números e eles vão aparecer aqui quando eu contar há quanto tempo não te vejo.

De tão distante, o que me resta é esperar para poder ler você.

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sexta-feira, 20 de junho de 2014

Ele sempre volta

E quem foi que te disse isso, menino? Quem foi que te botou tamanha ilusão dentro do peito? Quem te fez acreditar numa tremenda besteira dessa? Espero que você não tenha, nem por um minuto, pensado em espalhá-la por aí. Acreditar é, certas vezes, até aceitável. Mas você é a prova viva de que tudo não passa de uma mentira.

Por que ele volta. Sempre volta. Às vezes demora mais, outras vezes menos. Um dia, dois. Uma semana, um mês, dois anos. Quem sabe? Ninguém. Talvez teu coração. Ele é o real relógio. O Cronômetro que corre reverso para definir o tempo certo pra ele voltar. Mas é certo que ele volta.

Teu cronômetro zera e o amor volta. E te enche de novo de alegria. Te enche de novo de vontade. De planos, sonhos, novidades. Te deixa louco de paixão e esperança.

Ele voltou. Viu como ele voltou? O amor voltou. Aproveite, garoto. E nunca, jamais, acredite no que dizem por aí. Atravesse os desafios e confie. O amor volta. Ele sempre volta.

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Dia dos namorados

- E aí, Dudinha! Qual a boa de hoje moleque?
- Pô, Teta. Dia dos namorados. Vou ver um filme com a Jana.
- Huuuummmm... mas tá muito pau mandado mesmo, hein?
- Cala a boca, véi. Nada a ver.
- Hahahaha! Tá certo moleque. Aproveita e vê se come ela logo. Fica namorando e não come ninguém, nunca vi isso!
- Como se tu comesse alguém, né?
- Não comi. Mas tô mais perto que você, que namora e num passa a mão nem na bunda dela.
- Tu não vai namorar nunca com essas ideias, tá ligado, né?
- E quem disse que eu quero? Eu quero é trepar! Hahahahahahaha!
- Mané!
- Sério, Duda... não tá rolando uns amasso forte, não?
- Teta, não vou ficar falando disso.
- Porra! Eu sou teu melhor amigo e tu não vai falar disso?
- Não vou expor minha namorada, porra!
- Eu não quero saber se ela depila a porra da buceta! Só quero saber se vocês tão esquentando, porra! Se, pelo menos, parece que ela tá animando em transar com você.
- Tá. Tá sim.
- Aaaahhhh!! Agora eu vi vantagem, moleque! Já rolou aquela mão boba e tal?
- Já.
- Porra nenhuma. Tivesse rolado tu não tava nesse desânimo.
- Não tô com desânimo nenhum. Tô nervoso!
- Por quê?
- Porque ela chamou pra ver o filme. Mas não é no cinema. É na casa dela. E eu acho que vamos estar só nós dois!
- CARALHO!! Então, hoje tem!!!!
- Não sei se tem. Mas tô nervoso!
- Aaaahhh Dudinhaaa, vai rolar demais, moleque!
- Eu preciso treinar a abertura do sutiã.
- Moleque! Cala a boca. Tu não esqueceu essa bosta ainda? Tu vai transar. T-R-A-N-S-A-R! Esquece esse sutiã.
- E eu vou transar sem tirar o sutiã dela?
- Velho, deixa que ela tira...
- Eu quero tirar!
- Então vai se foder. Relaxa, que na hora dá certo.
- Tomara.
- Vai sim. Relaxa.
- Tá.
- Tu tem camisinha?
- Não!
- Porra! Tu é burro? Toma essa aqui.
- Tu nunca ia usar mesmo, né?
- Vai se foder.
- Valeu, moleque.
- Se joga, Dudinha. Mete rola!
- Tu é um escroto mesmo.
- E tu um viadinho apaixonado.

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sexta-feira, 6 de junho de 2014

Difícil odiar

Eu estava pensando aqui um dia desses, entre uma rajada de vento e outra de fumaça de ônibus que recebia na cara, enquanto observava da janela, o quanto deve ser difícil pra você me odiar assim, né? Porque você poderia ter mil motivos pra me detestar depois que fui embora. Seria muito simples ter raiva do cara que te deixou só por este fato.

Mais fácil, ainda, seria se tudo aquilo que você imaginava que eu fosse, acontecesse de verdade. É simples detestar um homem rico, bonito, cheio de futuro e que te deixou, assim, ao que parece, sem motivo algum, né? Você poderia estar, agora mesmo, usufruindo de toda essa riqueza, beleza e sendo parte do futuro brilhante que eu teria pela frente, segundo você mesma.

E é por isso que pensei que deve estar sendo complicado, né? Detestar um cara pobre, jogado na sarjeta, morando de favor na casa de um primo que nunca nem foi muito próximo, mas era o alento e o teto que lhe sobraram. Detestar um cara sem emprego, magro-esquálido-amarelo, porque mal come de tanta vergonha de si mesmo. Não é simples ter ódio de alguém assim.

Mas, mesmo assim, consegui ver, por trás do azul cintilante dos teus olhos, o vermelho brasa da raiva. A tua vontade de agarrar minha barba por fazer e encher minha cara de tapas. O teu peito inchando de vontade de gritar um sonoro FILHODAPUTA! Sim. Eu percebi tudo isso. Você sabe que desde o primeiro momento eu sempre soube ler você.

Mas olha, fica com raiva não. Eu tô aqui, assim. Desse jeito que você viu na esquina. Eu não tô nem perto do brilho que você esperava de mim. Então, nem vale a pena guardar esse ódio por algo que nunca aconteceu ou vai acontecer.

Aliás, pra sanar sua dúvida de vez, foi por isso que fui embora. Pensando bem, eu prefiro até tua raiva que a tua decepção. Prefiro que você queira me bater e cuspir na minha cara a se desiludir com o tempo e virar uma sombra daquela mulher viva com quem eu tive o prazer de conviver.

Então, vem cá. Bate. Descarrega a raiva toda e segue em frente. Que você continua linda e não merece um fracassado feito eu.

sexta-feira, 30 de maio de 2014

Ceder é difícil!*

Por Marcella Mota*

A distância entre a teoria e a prática, muitas vezes parece longa!

Há um discurso pronto afirmando que em uma relação é preciso ceder… que é necessário abrir mão, algumas vezes, do que você quer em função do outro.

Tudo funciona bem no texto, mas na execução a coisa muda.

Ceder nem sempre é fácil… e não estou me referindo apenas às questões mais difíceis, mas também às situações simples do cotidiano.

Você quer o último iogurte de morango e não quer ficar com o de ameixa… mas cede pois o outro também prefere o de morango.

O seu lado da cama é sagrado… chegar no quarto e encontrar o outro dormindo nele, é ceder com raiva.

Não importa se vocês combinaram, mas ceder o controle remoto, na maioria das vezes, é muito chato.

Ninguém é obrigado a gostar do amigo insuportável do outro… ceder e ter que ir almoçar com essa pessoa, é estragar um domingo que poderia ter sido muito bom.

Deixar de ir à um lugar que você queria para ir ver um filme que só interessa ao outro, é mais que ceder… é prova de resiliência!

Ceder é difícil… não é para os fracos!

Abrir mão de coisas que você gosta, quer e prefere para agradar alguém, nem sempre é tão romântico.

Mas você cede… sabe por quê?

Porque a alegria do outro é muito mais gratificante que qualquer iogurte, filme ou controle remoto.

Não é pelo amigo insuportável, é pelo fato de estar perto de quem você ama e sentir que está fazendo essa pessoa feliz, por esse simples gesto.

Somos seres individualistas na essência… o que nos faz ceder, nem sempre é o fato de sermos bonzinhos, mas é o amor… o desejo de ver feliz quem você ama.

Você não cede por ser compreensivo, altruísta ou coisa que o valha… cede por achar que não há nada mais interessante que ver o sorriso de quem ama ao realizar uma vontade dessa pessoa.

Ceder é complicado… e não venham me dizer que é simples. Somos donos das nossas vontades e queremos que elas sejam respeitadas sempre… temos o nosso lugar preferido no sofá, a xícara que é só nossa, as séries que assistimos, as músicas que ouvimos… misturar tudo isso com as vontades de outra pessoa, é prova de amor.

Mas não importa se é difícil… o importante não é saber ceder, é saber amar.

*O Blog Alguns Momentos publica, uma vez por mês – sempre na última semana –, um texto de um amigo do blog. Tem uma história para contar? Quer escrever também? Mande seu texto para blogalgunsmomentos@gmail.com

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Sorrindo

Olha, pequena. Eu nem sei como dizer, mas... tá vendo aqui meu sorriso? Então. É isso. Essa leveza, esse bem estar, essa vontade. Tudo tá relacionado. Comigo, meu momento, minha vida, a ordem das coisas, o caminho que elas tomam. E com você. Claro, você está 100% relacionada a tudo isso. Como não poderia?

É difícil falar e sorrir ao mesmo tempo. Mas é isso. Esse sorriso aqui. Ele é seu. Ele é meu pra você. Por você. E enquanto você estiver por aqui, ele também vai ficar. Então, aproveita. Fica o quanto puder que eu não me importo de ter cãibra na bochecha. Eu viro boneco de cera, com sorriso eterno se for pra você ficar.

Fica que ainda tem muita cerveja, muito vinho, muita soneca e preguiça. Tem chocolate, tem espirro. Ainda tem um monte de músicas e seriados. Também tem café na cama e almoço que vira jantar. Tem abraço, orgasmo e beijo, não necessariamente nessa ordem. Tem muito de mim e um tantão de você. Tem tudo isso e o que mais a gente quiser inventar.

Então, tá vendo esse sorriso? Transforma ele num beijo que o agora é nosso e o amanhã também vai ser.

sexta-feira, 16 de maio de 2014

Dedicatória

Esses dias tirei um livro da estante. Lembrei que tinha sido um presente seu. Abri temeroso em ler a dedicatória. Temi pelas palavras bonitas que você teria deixado ali e, principalmente, pelo efeito delas em mim. Nessa altura do campeonato confesso que não estou mais tão afim de surpresas sentimentais.

Mas, veja você, o livro não tinha dedicatória. Um dos meus preferidos. Um daqueles que valem a pena guardar pra sempre. Um daqueles que, tenho certeza, qualquer pessoa que me conheça minimamente vai ler e lembrar de mim. E você não foi capaz de escrever nada.

Confesso que, de início, fiquei feliz. Afinal, a ausência de palavras suas significava que aquele meu medo inicial era desnecessário. Mas depois percebi que isso mexeu comigo da mesma forma - talvez mais - que qualquer escrito com tua caligrafia poderia fazer.

E que loucura, né? A gente nunca sabe mesmo como vai reagir às coisas. E, sabe, eu fiquei foi com raiva. Por que você não escreveu nada? Por que não deixou uma lembrança? Por que não me fez sentir saudades com umas poucas palavras de carinho?

A raiva passou, mas eu quase coloquei o livro no correio, endereçado a você, cobrando um pouco mais de consideração pela minha saudade.

sexta-feira, 9 de maio de 2014

GPS

Londres é fria. São Paulo é cinza. Roma é velha. Buenos Aires é sentimental. Lisboa é escura. O Rio de Janeiro é suado. Sidney é longe. Santiago é saudosa. Nova York é muito agitada. Curitiba é sem sal. Pirenópolis é mal estruturada. Vitória é chata. Dubai é extravagante. Belo Horizonte é claustrofóbica. Goiânia é bagunçada. Bangkok é perdida. Rio Verde é escondido. Governador Valadares é uma panela de pressão. La Paz é alta.

É só aqui na nossa Brasília que meu coração bate sem pressa, sem medo. Em condições normais de temperatura e pressão. Sem medo de se perder, sem medo de te encontrar. Bate sem saudade. Bate ritmado.

É aqui, entre as asas, debaixo das árvores que ele vive sem problemas. Entre a ponta do meu avião e o miolo do teu cruzeiro do sul, no céu. Seja azul ou estrelado. É aqui que ele se orienta com sul, sudoeste, noroeste e que a bússola aponta sempre pra você, o norte.

Meu destino é sempre você, ainda que encontre atalhos por aí. Ainda que pare para um pastel com caldo de cana na Rodoviária. Ainda que breque a cada sinal vermelho; a cada pardal de 60 km/h. A moça do GPS me diz: seu destino está próximo.

sexta-feira, 2 de maio de 2014

O Sim

- Duda?
- Oi, Jana.
- Você pode sair um pouquinho agora?
- Claro. O que você quer fazer?
- Eu to aqui fora. Quero falar com você.
- Aqui fora? Como assim?
- Aqui Duda, do lado de fora da sua casa. Sai que eu preciso conversar com você.
- Aconteceu alguma coisa?
- Aconteceu, Duda! Vem aqui fora.
- Mas eu não fiz nada.
- Duda, vem!
- Tá to indo.
- Oi. Que foi? O que aconteceu?
- Duda, olha só. Eu tava conversando com a Luana. A real é que ela sempre foi afim de você e, sabe lá Deus por quê, ela me incentivou a ficar contigo. Fiquei gostei e to apaixonada. E ela ta chateada. Foi por isso que eu não aceitei seu pedido de namoro.
- Gente, como assim? A Luana afim de mim?
- Escuta, Duda. Escuta tudo.
- Eu fui lá agora conversar com ela sobre isso. E ela ta bem chateada. Eu não queria perder a amiga por conta de um cara. Mas eu to muito afim de você.  E agora eu não sei o que eu faço mais. Se continuo contigo e perco a Luana. Se mantenho minha amizade com a Luana e perco você. Se não faço nada e acabo perdendo os dois. Por que as coisas têm que ser tão difíceis? Alguém me explica?
- Calma, Jana. Calma. Vem aqui, calma. Não chora.
- Eu não sei mais o que fazer. Todo mundo quer alguma coisa de mim. Mas nada é o que eu quero!
- E o que você quer, Jana?
- Você como meu namorado. A Lu como minha amiga.
- A primeira parte você tem. Desde o primeiro dia em que te beijei.
- Sério?
- Você acha que te pedi em namoro por nada?
- Não sei. Não sei de mais nada.
- Bom. Eu só sei que você quer duas coisas. E uma delas está resolvida.
- Como assim resolvida?
- Você não quer namorar comigo? Eu também quero. Então, pronto. Estamos namorando.
- Você ta falando sério?
- Muito.
(beijo)

Este texto faz parte da primeira tentativa deste blog de criar uma história longa e não apenas um conto. Acompanhe a continuidade dele pelo marcador #desenvolvimento

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Quem ama bloqueia

Por Tadeu Rover*

Oi meu amor, desculpa se não li aquela indireta que postou no Facebook. Queria contar que já faz algum tempo que deixei de acompanhar suas publicações. Isso não significa que eu não gosto mais de você. Foi apenas uma opção.

É que suas postagens me incomodavam. Não as indiretas – essas eu adorava e sinto falta. Mas aquelas que você ficava falando de assuntos que não são de meu interesse. Não, eu não quero emagrecer, nem saber qual é a dieta da moda que está funcionando. Muito menos o resultado do jogo de futebol.

Também não quero ver aqueles posts que beiram ao ridículo sobre política, fazendo comparações que não condizem com a realidade. Pior é ver você querendo Joaquim Barbosa para presidente, sendo que nem o Supremo ele consegue comandar. Imagina o país.

O problema da internet é que algumas pessoas, e aí você está inclusa, acham que precisam opinar sobre tudo e todos. E assim, sem muito conhecimento das causas falam muita coisa. Por não entenderem, falam muita besteira. E isso quando feito ao longo de todo o dia cansa. Por isso não te sigo mais.

Mas fica tranquila. Na vida real ainda te quero ao meu lado no bar, falando mal das pessoas que passam e rindo da vida. Quero você no cinema assistindo aquele filme bobo, sem se preocupar em quem vai curtir ou comentar. Quero a verdadeira você. E não aquele perfil do facebook.

Ah, antes que eu me esqueça. Eu não te bloqueei. Apenas deixei de ver suas publicações. Sendo assim, ainda pode me mandar a letra daquele pagode que ouviu e lembrou de mim.

*O Blog Alguns Momentos publica, uma vez por mês – sempre na última semana –, um texto de um amigo do blog. Tem uma história para contar? Quer escrever também? Mande seu texto para blogalgunsmomentos@gmail.com

sexta-feira, 18 de abril de 2014

Bala de goma

Engraçado como a gente se pega, vez em quando, relembrando dos outros por coisa tão boba e simples, né? Mas é isso mesmo. O amor tá aí nessas coisas bobas e simples. Tá naquela mania que ela tinha de só dormir balançando. No ritual dele de entrar no carro, girar a chave, ligar o som, abrir os vidros, colocar os óculos, apertar o cinto e só depois partir. Tá no desejo dela por nuggets no meio da madrugada. Tá no choro dele por um jogo de futebol.

E foi numa dessas que me peguei pensando em você. No sinaleiro, me veio o menino oferecendo “bala, chiclete, halls”. Eu perguntei pela jujuba. “Três pacotes por dois” foi a resposta dele. Me vê seis, mas deixa eu escolher, respondi. E pouco antes de abrir a passagem pros carros, vi aquele pacotinho com apenas uma jujuba vermelha e quatro verdes! Quatro verdes, dentre as dez do pacote.

Não tive dúvida em levá-lo junto dos demais. Qualquer um acharia isso bem ruim. Todo mundo adora a balinha vermelha. Menos a gente. A gente sempre brigou pra ficar com a verde. Nossa alegria era o pacotinho que vinha com duas verdinhas, que ninguém ficava sem. E aí só veio você na minha cabeça. A jujuba verde me fez lembrar de ti.

O amor tá aí nessas coisas bobas e simples, né? Deixei o pacote ali, como quem espera o momento adequado pra comer. E quando abri, comi todas as jujubinhas. Mas deixei as quatro verdes guardadas, como quem espera alguém pra poder dividir o tesouro. Mas você não vem, né? Você ainda gosta da jujuba verde? Eu não sei. O amor também está aí nessas coisas de um conhecer o outro, né? Eu não sei mais se te conheço.


Joguei as quatro jujubas verdes fora. Comi uma única que tinha no outro pacote. Era só minha, não precisava dividir. Você não está mais aqui.

sexta-feira, 11 de abril de 2014

Teu texto

Ah, menina, se você soubesse! Se soubesse o tanto que desejo e quero bem. Vem! Se entrega aqui pra mim. Escreve tua história que eu leio e digo que sim, que não, que talvez, mas vou ler e reler até que meus olhos se cansem. Das letras. De você não tem como cansar.

Ah, menina, se você soubesse! Sou desses que morre de inveja daquele que tá aí. Mas eu espero você sair. Sai e traz tudo. Tua boneca, teu travesseiro e aquele teu vestido lindo. Ou traz nada e a gente inventa tudo aqui de novo. O importante é que você venha.

Ainda tô no capítulo um da tua história, mas já sei que tá faltando enredo, aventura, personagem. Vem pra gente criar junto. Ainda não cansei de ler e tô querendo mais é criar novos capítulos. Vem que pode ser ficção e amanhã tu volta pra realidade. O importante é que você venha porque de você não tem como cansar.

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Pra não morrer de saudade

- Alô

- Oi.

- Oi! É você? Que número é esse?

- Ah, é um telefone novo do trabalho. Tô sem bateria no meu e acabei usando ele pra ligar.

- Agora tá com agenda compartilhada entre os aparelhos? Antes você não usava...

- Não. É que eu ainda sei o seu telefone de cor.

- Ah... e aí? Tudo bem?

- Tudo. Tudo sim. Tô pra te ligar há uns dias. Cheguei a discar teu telefone outro dia, mas era dia da mentira  e achei que ia soar falso. Mas é que li uma coisa que me fez pensar em você o tempo todo.

- O quê?

- Dizia assim: quem vive de orgulho, morre de saudade. Por isso tô te ligando. Por isso tô deixando todo meu orgulho de lado e não tô nem aí pro que você vai pensar. Também nem quero saber o que você vai fazer com o seu, mas a real é que eu não quero morrer de saudade, mas já tô morrendo.

- ... Eu não sei o que dizer.

- Não precisa falar nada. A situação aqui é sobre o meu orgulho. É ele quem tá indo embora. Então liguei pra dizer que ainda te amo, sim. Que ainda sofro. Todo dia. De saudade, de falta, de ausência, de não saber o que fazer, de querer te ouvir, de querer te ver, de querer te abraçar. Sofro por fazer coisas que eu sei que você adoraria, mas não está comigo. Sofro por entender os seus motivos e ainda assim não aceitar.

- Calma, não fala assim. Eu achei que tava tudo bem já...

- Eu também achei. Mas não tá. Não tá mesmo. Tá ruim. Bem ruim, aliás. Eu sinto sua falta.

- Eu também sinto.

- Então larga essa droga desse orgulho! Vai morrer de falta!


sexta-feira, 28 de março de 2014

Detalhes tão pequenos de nós dois*

*Por Maria Carolina


Dois personagens protagonizam uma novela do amor que acaba: aquele que tem coragem e aquele que espera o outro ter coragem. A posição deles não faz diferença, ambos sofrem. No nosso caso, calhou de ser eu a pessoa com coragem. Poderia ter sido você.

A trama segue, as coisas vão se ajeitando, a nova rotina toma seu lugar. Às vezes tem ódio, rancor, desilusão, ingratidão. Às vezes tem carinho, afeto, saudade. Esses sentimentos compõem o enredo dessa novela que todos nós vivemos.

O alimento ao ego daquele que esperou é sempre uma notícia, uma carta, um indício que prove que o outro lembra. Tem saudade.

Pois aí vai tua comida: eu lembro. Tenho saudades nas noites de domingo enquanto limpo a casa, vou ao mercado e compro minhas maçãs.

Tem mais: às vezes fico enrolando pra sair do trabalho. Não quero chegar em casa e não te encontrar. A sua não presença, tão necessária à minha vida agora, me incomoda de vez em quando.

Lembro quando decoro a casa, quando ajeito meus sapatos, quando a casa está suja, quando está limpa, quando cozinho. Lembro quando recebo as visitas que você adorava e quando recebo as pessoas que não podia receber porque você odiava.

Nessas horas, o meu refúgio é o quarto. Ao contrário do que cantou o rei Roberto, você não habita a cama. Me desculpe se sua vingança não vai ser completa.

Mas se quer saber, eu realmente duvido que alguém tenha tanto amor.

*O Blog Alguns Momentos publica, uma vez por mês – sempre na última semana –, um texto de um amigo do blog. Tem uma história para contar? Quer escrever também? Mande seu texto para blogalgunsmomentos@gmail.com

sexta-feira, 21 de março de 2014

Escolhas

- Oi, amiga!
- Oi, Lu.
- Você tá com uma cara...
- É. Tô precisando falar sério com você. Papo de melhor amiga.
- Que foi?
- Eu não quero perder sua amizade, Luana. Mas eu to apaixonada pelo Duda. Ele me pediu em namoro e eu recusei, disse que era melhor a gente continuar como estava e só fiz isso porque fiquei com medo da sua reação sobre tudo isso.
- ... Ai, Jana... Nem sei o que dizer...
- Eu sei que você gosta dele. Não é de hoje. A gente já falou sobre isso tantas vezes, né? Mas, eu não sei, de verdade, por que você me incentivou a ficar com ele. Nem por que eu topei, mesmo sabendo de tudo. Mas aconteceu e agora essa é a situação.
-...
- Fala alguma coisa!
- Eu não sei! Eu também tô confusa! Eu também não sei por que botei essa pilha. Eu não sei por que isso passou pela minha cabeça.
- Mas o que eu faço agora?
- Não sei, Jana! A vida é sua. Faz o que você quer!
- Eu quero namorar o Duda.
- Então namora, vai lá! Se entrega pra ele. É o que você quer. É sua vida!
- Mas eu não queria isso. Essa sua reação.
- Eu também gosto dele! Eu também queria estar com ele. Como você quer que eu reaja?
- Por que você me pilhou pra ficar com ele?
- Porque eu sou burra! Porque eu sou medrosa. Porque eu achava que ele era lindo e legal, mas podia beijar mal. E aí queria te usar pra fazer um teste! Queria que você fosse lá, ficasse com ele, dissesse que era bom, mas não se apegasse. NEM VOCÊ, NEM ELE!
- Você tava me usando de isca? É isso? E agora ta me culpando por ter me apaixonado? Eu não tenho controle sobre isso.
- MAS VOCÊ SABIA QUE EU QUERIA FICAR COM ELE! VOCÊ NUNCA QUIS!
- Para de gritar, Luana! Conversa que nem gente. Eu vim aqui pra resolver o problema, não pra criar outro.
- Então tá resolvido. Você vai namorar o Duda. Eu vou seguir sozinha. Pronto. Pode ir embora.
- Eu não quero deixar de ser sua amiga.
- Eu não quero minha amiga namorando o cara que eu gosto. Se sua escolha é namorar, não vou poder ser sua amiga.
- ...
- Não dá. Como você acha que vou me sentir com você contando sobre vocês? Sair com vocês? Ir ao cinema com vocês?
- Do mesmo jeito que foi até agora, ué?
- E você acha que eu não sofri até agora? Você acha que eu me senti bem com você contando que seus pais adoram ele? Que ele até já dormiu na sua casa?
- Não rolou nada do que você tá pensando.
- NÃO INTERESSA! AGORA VAI ROLAR. VOCÊS VÃO NA-MO-RAR!
- Luana, olha só...
- Jana, melhor você ir. Vai lá, namora ele. Me deixa aqui. To nervosa já. Deixa pra lá... deixa eu pensar, absorver.
- Lu, você sempre foi e sempre será minha melhor amiga. Não quero perder você por causa de um cara, por mais que eu esteja apaixonada pelo Duda.
- Jana, é o seu momento. Eu to muito nervosa, chateada. Mas não é só com você. É comigo também. Com as ideias imbecis que eu tenho. E eu não quero que você perca isso. O Duda é muito legal e você merece. Eu vou ficar chateada? Sim. Mas passa. Eu me acostumo. Só me dá um tempo, por favor? Vai embora.
- Lu...
- Vai!

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sexta-feira, 14 de março de 2014

Pra você ir aprendendo

Oi. Tudo bem? Então, isso aqui é pra te contar algumas coisas que você ainda não sabe, mas tenho certeza que com o tempo vai aprender. Tô só simplificando e jogando logo umas ideias assim pra você ir sacando um pouco do meu jeito e da forma como eu ajo.

A primeira é essa que está aí bem clara: eu sou ansioso. Você podia descobrir tudo sozinha, mas é que eu já estou fazendo planos ao longe e quero que você já tenha noção disso, entende? Pois é. Mas eu to tentando trabalhar isso e ser mais relax. Quem sabe você não me ajuda.

Outra coisa é que comigo acaba quase sempre assim, em escritos. Eu gosto de escrever e você vai receber vários escritos meus no passar do tempo. Uns inspirados, outros bobos, muitos práticos, a maioria sem sentido algum, mas acho que você vai entender.

Acho que também é bom eu ir te dizendo logo que adoro acarinhar. Assim, de ficar quieto, sem fazer nada, só ali no cafuné. Eu mudo de posição, de lugar, mas me deixa ali quietinho te fazendo carinho por um tempo que vai ser bom.

E bem, não sei se ainda preciso dizer isso, mas eu gosto de você. E se você gostar de mim, quem sabe, aí não dá alguma coisa. Nós dois de mãos dadas por aí. Pode acontecer de ser você, né? Então já leva isso com você.

sexta-feira, 7 de março de 2014

Paz

Hoje me deu uma saudade danada de te sentir deitada no meu peito. Era ali que eu te sentia completamente minha. Não porque você estava adormecida e eu poderia – em tese – fazer qualquer coisa, como se você fosse um objeto. Mas porque eu era, naquele momento, a sua paz. E você a minha.

Você, sempre tão atarefada. Sempre tão cheia de listas de coisas ainda pendentes. Estudar, escrever, ler, limpar, lavar, cozinhar, visitar, ligar, pesquisar, ajudar, encontrar, organizar. E ali, quando, no meio desse tanto de coisa, você tinha um tempo pra nós dois, te sentir relaxada a ponto de dormir no meu colo, meu peito, minha barriga, era muito bom.

Você, feito um bebê, ressoava, no indicativo de sono profundo. Aquele que você não tinha tido na noite anterior na sua cama, no seu quarto, porque lá a lista de coisas estava presente. Comigo você esquecia tudo e descansava. E acordava renovada pra voltar pros seus afazeres.

E a sua renovação me renovava, a sua paz me trazia paz. E me deu uma saudade danada disso. 

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Banho de chuva*

*Por Aline Matos

Hoje foi um dia tranquilo, incrivelmente igual a qualquer outro, porém, na hora marcada, fui a minha corrida diária, e no decorrer do percurso fui surpreendida por, ninguém mais e ninguém menos que ela, a linda, bela, gelada, transformadora e torrencial chuva.

Ela chegou de mansinho, de fininho e por mais que eu apertasse o passo, corresse mais depressa ela conseguiu me alcançar, me pegar, me molhar.... E por mais que todas essas palavras sejam cafonas, talvez, foi assim que aconteceu.

Comecei a ter um diálogo com ela, com Deus, pedindo um pouquinho mais de paciência porque eu estava quase chegando e, pensando na coisa mais ridícula: “ai meu tênis, vai molhar todo e preciso dele seco amanhã!”, só que ela nem se incomodou e finalmente chegou forte, presente, tocante e não tão gelada. Escorreu pelo meu rosto, começou a molhar meu cabelo, minhas costas, minhas pernas, enfim, quando percebi, estava eu molhada, literalmente!

Nesse momento me entreguei, não tive como resistir. Foi intrigante, porque me entreguei, abri os braços, soltei o cabelo, deixei que me tocasse por inteira, que a água que escorria pelo meu rosto já escorresse por minhas pernas. Sentia os meus pés bem molhados e foi nesse momento que entendi: a natureza é mais forte que a gente, que Deus é tão perfeito em suas coisas. Ele nos presenteia todos os dias com um lindo sol, mas a chuva, ah, a chuva, ela tem o poder de nos lavar, de nos tocar. Ela tem o poder de nos deixar mais perto de nós mesmos, de sentir a nossa essência, de fazer com que esse momento não seja morno, mas sim, quente!

Se sentir molhado pela chuva, banhado com essa água que vem dos céus é uma sensação inexplicável. É se aproximar da infância, é achar que não se tem problemas, é se sentir suscetível, é perceber que você não é sempre o dono da razão, é simplesmente, se sentir limpo!

E depois de tanto sentir, uma mistura de coisas e sentimentos, ela se vai, e te deixa ali, com aquela cara molhada, as roupas encharcadas, o tênis fazendo aquele barulhinho de “tô inutilizável pelos próximos três dias” e com a sensação de: “Como vou chegar em casa encharcado desse jeito?”. Aí, você sobe as escadas, tira camiseta, tênis e meias no meio do corredor, abre a porta e encontra uma parte da sua família te olhando com aquela cara de tacho. O que dizer nessas horas? Simplesmente que: “a chuva me pegou!”.

*O Blog Alguns Momentos publica, uma vez por mês – sempre na última semana –, um texto de um amigo do blog. Tem uma história para contar? Quer escrever também? Mande seu texto para blogalgunsmomentos@gmail.com

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Seleção de dados

A senha do banco. A senha do email. O telefone da mãe. O telefone dos irmãos. O telefone do escritório. RG. O telefone da vó. As letras do caixa eletrônico.  CPF. A senha de desbloqueio do celular. Título de eleitor. A senha de proteção do notebook.  A senha do facebook. A senha do twitter. A senha do instagram. O telefone do gás. CEP.

É tanto número, tanta letra, tanto sinal. Maiúscula, minúscula, arroba, 123. A cabeça funde. Não consegue guardar tanta coisa assim. Bendita agenda que grava tudo. Outro dia precisou ligar pra mãe e quem disse que sabia o número de cor? Foi olhar no celular pra discar do telefone fixo.

Mas sempre que tinha um teclado numérico à sua frente um único telefone lhe vinha à cabeça. Era inevitável. Por vezes chegava até a começar a discar 9125... por mais tempo que passasse, esse telefone ele não esquecia. Nem a data do aniversário. Nem a data do início do namoro. Nem a data do fim. Nem a data do primeiro beijo. Nem a data do último.

E não sabia se achava graça ou tristeza de como a memória pode ser tão seletiva.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Relatividade do tempo

Nem faz tanto tempo assim, mas, na verdade, me parece uma eternidade. Dizem até que tempo é relativo e é nisso que me baseio. Um ano com você é pouco. Cinco anos com você é nada. Uma vida com você e ainda vou querer mais. Mas se você está ali, me sinto bem, por mais que ainda ache pouco.

O problema é você ir embora. O problema são aqueles cinco minutos que te esperava sair de casa. Difícil era aquele final de semana em que as agendas se chocavam e eu não te via sexta, sábado e domingo.

O duro são esses dias que parecem que não passam, mas passaram. E, eu sei que já disse, nem faz tanto tempo assim. Mas pra mim, ainda parece que não passou. Que estou preso lá no primeiro dia sem você.

Ruim mesmo é o tempo ter passado – mesmo que pareça que não passou – e eu ainda sentir sua falta. Quando será que isso passa?

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Sem sentir

Eu sinto a sua mão. Mas, engraçado, quando olho, não vejo seu braço. E, sim, eu sou do tipo que quando dão a mão, quer também o braço. Se é pra ser amor quero o braço, o ombro, o pescoço, a cabeça, os pensamentos, o peito, o ar, o coração e cada batimento seu.

Quero tudo. Quero inteiro. Quero corpo. Quero alma. Quero dar e receber.Quero abraços longos e beijos mais longos ainda. Quero sonhos, planos, romance, paixão. Quero amor! Quero dividir, somar e multiplicar. Quero filhos.

Quero festa. Quero risadas. Quero brigas e DR. E quero reconciliação.

Quero você! Mas agora sinto a tua mão na minha, só que teus dedos não estão entrelaçados. Eu não vejo teu braço. Tampouco teu olhar.

sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

2014 vai ser bom*

*Por Bruna K Marques

Todo começo de ano é sempre a mesma coisa, agradecimentos das coisas boas que aconteceram no ano anterior e a agradável sensação de se livrar das coisas ruins que não aguentávamos mais.

Sempre pedimos para que o novo ano seja repleto de realizações, renovamos as novas e velhas promessas e incluímos metas malucas, como: perder peso, encontrar o amor da sua vida, casar, ter filhos, trocar de carro, diminuir na bebida, estudar e conseguir o emprego dos sonhos, e por que não ganhar um prêmio na loteria? Não custa sonhar!

O ser humano está acostumado a lembrar das coisas que não deram certo, se apegam demais a detalhes que sim, poderiam ser diferentes, mas já que não foram, que tal esquecer e seguir em frente... Que fique a lição: tentar é necessário ou sempre ficará aquele “se”. Se jogue! Se quebre todo, mas tenha a certeza que fez o melhor.

Na primeira semana de janeiro li um post em uma dessas redes sociais e achei a sugestão incrível. Pegue uma jarra ou pote vazio e coloque em algum lugar do seu quarto ou onde achar melhor e toda vez que uma coisa boa acontecer na sua vida, não importa se grande ou pequena, desde que tenha te feito sorrir, anote em um pedaço de papel o motivo da alegria, coloque a data e coloque no pote. No dia 31.12.2014 abra o pote e leia todos os presentes que a vida te deu. Se gostar muito da ideia faça um pote para colocar as coisas tristes e no ultimo dia do ano faça um comparativo.

Tenho separado os melhores momentos e guardado na minha gavetinha da alegria, já está cheia e o primeiro mês deste novo ano nem acabou. Escutei a seguinte frase do pai de um amigo, “O que me resta é viver esse restinho de ano”, então façamos a nossa parte. E pergunte-se: Por que não fazer diferente?

2014 será supimpa!

*O Blog Alguns Momentos publica, uma vez por mês – sempre na última semana –, um texto de um amigo do blog. Tem uma história para contar? Quer escrever também? Mande seu texto para blogalgunsmomentos@gmail.com

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Papo sério

Janaína não sabia bem o que pensar. Ela queria Duda. Estava apaixonada. E queria manter a amizade com Luana. Elas eram melhores amigas há tanto tempo. Mas as ideias estavam bem confusas em sua cabeça.

Será que perderia a melhor amiga por causa de um garoto? Será que perderia o garoto de quem gostava por causa da melhor amiga? Ela sabia que da forma como estavam as coisas um dos lados ia logo arrebentar. Ou Duda cansaria de esperar e acabava tudo. Ou Luana se irritaria cada vez mais e deixaria de ser amiga.

Mas como amiga, será que não valeria a pena conversar com Luana? Abrir o jogo, colocar as cartas na mesa, botar em pratos limpos, qualquer uma dessas expressões. Talvez fosse o momento certo. Hora de ser “adulta” e madura. Hora de crescer.

- Alô, Lu, tudo bem?
- Oi, Jana! Tudo ótimo e você?
- Tudo bem também. To precisando conversar...
- Ô, amiga! Fala!
- Coisa séria. Posso ir aí te encontrar?
- Que foi, Jana? To assustada! Brigou com o Duda? Ele terminou com você?
- Nem começou, Luana. Vai acabar o quê? Não brigamos. Mas tem a ver com isso, sim. Posso ir?
- Claro! Você não precisa pedir pra vir aqui.
- Já chego... Beijo.
- Beijo. Tchau.

Agora Luana sentia que as coisas iam ficar difíceis pra ela. Entendeu que o papo seria sobre elas e não sobre Duda. Sabia que Jana estava apaixonada. Sabia que Jana sabia sobre os sentimentos dela por Duda. E agora se questionava por que tinha, afinal, incentivado os dois a ficarem? Não sabia. Mas sentia-se responsável por aquilo. E ia precisar tomar uma atitude.

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sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Da alegria

Acho engraçado ver que as pessoas ficam tristes, deprimidas e aí sentem falta das outras. Não, não acho engraçado ver as pessoas tristes. Claro que não. Até porque eu também faço parte das pessoas. Mas o que eu acho graça é o tipo de associação: estou só, fico triste, lembro de alguém, sinto falta.

Eu, ao contrário, sempre sinto sua falta quando estou alegre. Muito alegre. Porque você, pra mim, sempre foi isso: alegria. Não consigo te associar aos momentos tristes. Sabe êxtase? É aí que me vem você à cabeça. Seja sozinho, seja com amigos. Isso é indiferente. O que é sempre comum é a alegria.

E veja, você, que coisa boa, não é mesmo? Seria muito fácil eu te detestar e te associar a momentos ruins da vida. Mas isso nunca nem passou pela minha cabeça. Você é, pra mim, a felicidade, o prazer, a gargalhada, a diversão.

Agora, escrevendo e pensando em você, me bateu uma baita saudade. E também uma tremenda onda de alegria. Eu ando longe, mas ando alegre. E levando você sempre comigo. Sempre na felicidade.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Mudança

Ela ainda mora no meu coração. Só mudou de quarto. Morávamos no mesmo aposento. Era enorme, maior que toda uma vida. Na verdade eram duas vidas que seguiam juntas. Mas ela se mudou. Continua por aqui nesse coração enorme. Tem muito espaço nele, sabe?

Ainda não sei ao certo para onde ela foi. Onde se estabeleceu. Sei que anda por aí porque, vez ou outra, percebo seus movimentos. Alguns rastros ficam para trás. Alguns sons ecoam. E aí dá para percebê-la. A vibração é a mesma de sempre, não muda.

Não sei por quanto tempo ela vai morar longe. Mas ela não deixou a cópia da chave aqui. Levou com ela. Então, é fato que, quando ela voltar vai poder entrar sozinha, como se nunca tivesse saído. Na verdade, ela nem vai precisar de chave. A porta tá aberta pra quem quiser entrar.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Indefinição

- Oi. Tudo bem?
- Oi!
...
- Tudo bem. Tudo bem, sim. E você?
- Tudo bem também.
...
- Tá sozinha? Procurando lugar?
- É... tá cheio hoje, né?
- Tá sim. Mas eu to só. Se você não precisar de mais de um lugar, pode sentar aí.
- Ah, obrigada. Sou só eu mesmo.
- Fica à vontade.
...
- Haha...
- Que foi?
- O quanto algumas coisas são engraçadas né? Até meio ridículas...
- Como assim?
- Até bem pouco tempo atrás eu poderia estar aqui sentado, mas só pra te esperar enquanto você fazia seu pedido. Ou nosso pedido. Ou você aqui enquanto eu pedia. E não estaríamos aqui nessa situação embaraçosa, feito dois estranhos que não se conhecem, mas tentam ser educados um com o outro. Isso é muito, muito estranho. E até triste.
- É. De certa forma é muito triste. Mas confesso que não sei o que dizer. Minha cabeça tá fervilhando de coisas: de vergonha, de palavras, de tristeza, de pedidos, de vontade de levantar e correr, de vontade de te perguntar como anda a sua vida, de saber por que você está aqui hoje, por que está sozinho, por que está comendo crepe... mas ao mesmo tempo não sei o que dizer.
...
- Não chora, Pedro! Fala alguma coisa.
- Acho que a única coisa que tenho pra te dizer, Larissa, e é bom mesmo eu dizer antes que isso vire um câncer aqui dentro do meu peito daqui 30 anos é que eu te amo. Te amo desde sempre. Não deixei de te amar nenhum minuto e, não sei se feliz ou infelizmente, não acho
que vou deixar de te amar tão cedo. Talvez depois que o câncer me consuma. Ou talvez também não.
...
- E agora é você quem está chorando. E toda a praça de alimentação nos olhando.
- Eu não me importo com os olhares, Pedro. Aliás, acho que é o que mais ganho desde que nos separamos. Olhares de todos os lados. Os que olham com pena. Os que olham com cobiça. Os que olham com desdém. Os que olham para rir. Mas um olhar eu não tive mais. Esse! Esse que eu to vendo agora. De amor, de desejo, de reconhecimento. Esse olhar é o que mais me faz falta.
- E por que você não volta?
- Porque ainda não posso. Não estou pronta pra você.

E foi embora comendo o resto do sanduíche na mão.