sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

2014 vai ser bom*

*Por Bruna K Marques

Todo começo de ano é sempre a mesma coisa, agradecimentos das coisas boas que aconteceram no ano anterior e a agradável sensação de se livrar das coisas ruins que não aguentávamos mais.

Sempre pedimos para que o novo ano seja repleto de realizações, renovamos as novas e velhas promessas e incluímos metas malucas, como: perder peso, encontrar o amor da sua vida, casar, ter filhos, trocar de carro, diminuir na bebida, estudar e conseguir o emprego dos sonhos, e por que não ganhar um prêmio na loteria? Não custa sonhar!

O ser humano está acostumado a lembrar das coisas que não deram certo, se apegam demais a detalhes que sim, poderiam ser diferentes, mas já que não foram, que tal esquecer e seguir em frente... Que fique a lição: tentar é necessário ou sempre ficará aquele “se”. Se jogue! Se quebre todo, mas tenha a certeza que fez o melhor.

Na primeira semana de janeiro li um post em uma dessas redes sociais e achei a sugestão incrível. Pegue uma jarra ou pote vazio e coloque em algum lugar do seu quarto ou onde achar melhor e toda vez que uma coisa boa acontecer na sua vida, não importa se grande ou pequena, desde que tenha te feito sorrir, anote em um pedaço de papel o motivo da alegria, coloque a data e coloque no pote. No dia 31.12.2014 abra o pote e leia todos os presentes que a vida te deu. Se gostar muito da ideia faça um pote para colocar as coisas tristes e no ultimo dia do ano faça um comparativo.

Tenho separado os melhores momentos e guardado na minha gavetinha da alegria, já está cheia e o primeiro mês deste novo ano nem acabou. Escutei a seguinte frase do pai de um amigo, “O que me resta é viver esse restinho de ano”, então façamos a nossa parte. E pergunte-se: Por que não fazer diferente?

2014 será supimpa!

*O Blog Alguns Momentos publica, uma vez por mês – sempre na última semana –, um texto de um amigo do blog. Tem uma história para contar? Quer escrever também? Mande seu texto para blogalgunsmomentos@gmail.com

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Papo sério

Janaína não sabia bem o que pensar. Ela queria Duda. Estava apaixonada. E queria manter a amizade com Luana. Elas eram melhores amigas há tanto tempo. Mas as ideias estavam bem confusas em sua cabeça.

Será que perderia a melhor amiga por causa de um garoto? Será que perderia o garoto de quem gostava por causa da melhor amiga? Ela sabia que da forma como estavam as coisas um dos lados ia logo arrebentar. Ou Duda cansaria de esperar e acabava tudo. Ou Luana se irritaria cada vez mais e deixaria de ser amiga.

Mas como amiga, será que não valeria a pena conversar com Luana? Abrir o jogo, colocar as cartas na mesa, botar em pratos limpos, qualquer uma dessas expressões. Talvez fosse o momento certo. Hora de ser “adulta” e madura. Hora de crescer.

- Alô, Lu, tudo bem?
- Oi, Jana! Tudo ótimo e você?
- Tudo bem também. To precisando conversar...
- Ô, amiga! Fala!
- Coisa séria. Posso ir aí te encontrar?
- Que foi, Jana? To assustada! Brigou com o Duda? Ele terminou com você?
- Nem começou, Luana. Vai acabar o quê? Não brigamos. Mas tem a ver com isso, sim. Posso ir?
- Claro! Você não precisa pedir pra vir aqui.
- Já chego... Beijo.
- Beijo. Tchau.

Agora Luana sentia que as coisas iam ficar difíceis pra ela. Entendeu que o papo seria sobre elas e não sobre Duda. Sabia que Jana estava apaixonada. Sabia que Jana sabia sobre os sentimentos dela por Duda. E agora se questionava por que tinha, afinal, incentivado os dois a ficarem? Não sabia. Mas sentia-se responsável por aquilo. E ia precisar tomar uma atitude.

Este texto faz parte da primeira tentativa deste blog de criar uma história longa e não apenas um conto. Acompanhe a continuidade dele pelo marcador #desenvolvimento

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Da alegria

Acho engraçado ver que as pessoas ficam tristes, deprimidas e aí sentem falta das outras. Não, não acho engraçado ver as pessoas tristes. Claro que não. Até porque eu também faço parte das pessoas. Mas o que eu acho graça é o tipo de associação: estou só, fico triste, lembro de alguém, sinto falta.

Eu, ao contrário, sempre sinto sua falta quando estou alegre. Muito alegre. Porque você, pra mim, sempre foi isso: alegria. Não consigo te associar aos momentos tristes. Sabe êxtase? É aí que me vem você à cabeça. Seja sozinho, seja com amigos. Isso é indiferente. O que é sempre comum é a alegria.

E veja, você, que coisa boa, não é mesmo? Seria muito fácil eu te detestar e te associar a momentos ruins da vida. Mas isso nunca nem passou pela minha cabeça. Você é, pra mim, a felicidade, o prazer, a gargalhada, a diversão.

Agora, escrevendo e pensando em você, me bateu uma baita saudade. E também uma tremenda onda de alegria. Eu ando longe, mas ando alegre. E levando você sempre comigo. Sempre na felicidade.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Mudança

Ela ainda mora no meu coração. Só mudou de quarto. Morávamos no mesmo aposento. Era enorme, maior que toda uma vida. Na verdade eram duas vidas que seguiam juntas. Mas ela se mudou. Continua por aqui nesse coração enorme. Tem muito espaço nele, sabe?

Ainda não sei ao certo para onde ela foi. Onde se estabeleceu. Sei que anda por aí porque, vez ou outra, percebo seus movimentos. Alguns rastros ficam para trás. Alguns sons ecoam. E aí dá para percebê-la. A vibração é a mesma de sempre, não muda.

Não sei por quanto tempo ela vai morar longe. Mas ela não deixou a cópia da chave aqui. Levou com ela. Então, é fato que, quando ela voltar vai poder entrar sozinha, como se nunca tivesse saído. Na verdade, ela nem vai precisar de chave. A porta tá aberta pra quem quiser entrar.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Indefinição

- Oi. Tudo bem?
- Oi!
...
- Tudo bem. Tudo bem, sim. E você?
- Tudo bem também.
...
- Tá sozinha? Procurando lugar?
- É... tá cheio hoje, né?
- Tá sim. Mas eu to só. Se você não precisar de mais de um lugar, pode sentar aí.
- Ah, obrigada. Sou só eu mesmo.
- Fica à vontade.
...
- Haha...
- Que foi?
- O quanto algumas coisas são engraçadas né? Até meio ridículas...
- Como assim?
- Até bem pouco tempo atrás eu poderia estar aqui sentado, mas só pra te esperar enquanto você fazia seu pedido. Ou nosso pedido. Ou você aqui enquanto eu pedia. E não estaríamos aqui nessa situação embaraçosa, feito dois estranhos que não se conhecem, mas tentam ser educados um com o outro. Isso é muito, muito estranho. E até triste.
- É. De certa forma é muito triste. Mas confesso que não sei o que dizer. Minha cabeça tá fervilhando de coisas: de vergonha, de palavras, de tristeza, de pedidos, de vontade de levantar e correr, de vontade de te perguntar como anda a sua vida, de saber por que você está aqui hoje, por que está sozinho, por que está comendo crepe... mas ao mesmo tempo não sei o que dizer.
...
- Não chora, Pedro! Fala alguma coisa.
- Acho que a única coisa que tenho pra te dizer, Larissa, e é bom mesmo eu dizer antes que isso vire um câncer aqui dentro do meu peito daqui 30 anos é que eu te amo. Te amo desde sempre. Não deixei de te amar nenhum minuto e, não sei se feliz ou infelizmente, não acho
que vou deixar de te amar tão cedo. Talvez depois que o câncer me consuma. Ou talvez também não.
...
- E agora é você quem está chorando. E toda a praça de alimentação nos olhando.
- Eu não me importo com os olhares, Pedro. Aliás, acho que é o que mais ganho desde que nos separamos. Olhares de todos os lados. Os que olham com pena. Os que olham com cobiça. Os que olham com desdém. Os que olham para rir. Mas um olhar eu não tive mais. Esse! Esse que eu to vendo agora. De amor, de desejo, de reconhecimento. Esse olhar é o que mais me faz falta.
- E por que você não volta?
- Porque ainda não posso. Não estou pronta pra você.

E foi embora comendo o resto do sanduíche na mão.