Mesmo tanto tempo depois ele ainda tinha, claro como um raio de sol, a lembrança de seu cheiro. Do perfume, do xampu, do hálito, do sono. Cada qual com seus tons diferentes, mas sempre doces.
Mesmo tão distante ele ainda tinha o tom de sua voz nos ouvidos. Nas broncas, nas brigas, nas palavras doces, nos gemidos, ao telefone, ao pé do ouvido e, principalmente, nas risadas. Cada qual com seu timbre que deixavam claro suas intenções.
Mesmo depois dos anos idos, ele ainda tinha seus gestos. O toque na mão, o abraço, o arrumar o cabelo, a forma de tirar a roupa e depois colocar de novo. Cada qual com sua velocidade. Cada um com seu desejo.
Mesmo depois de passados os dias ele ainda lembrava de tudo aquilo e sabia que jamais esqueceria. Seriam aqueles - corpo, cheiro, voz, gestos - os modelos para sua vida. Seria ela a sua eterna musa. Seria aquela menina seu eterno querer.