Definitivamente, eu acho uma pena. É uma pena, depois de tantas idas e vindas, de encontros e desencontros, de amores e desamores, eu ainda sofrer por perder você. É mesmo uma grande pena depois de tantos anos eu ainda não ter aprendido a lidar com meus erros – sempre os mesmos – e com as consequências deles.
Sabe, eu fico triste mesmo. Nem é por você ter ido. Isso aconteceria uma hora ou outra. Afinal, quem acredita em “viveram felizes para sempre”, além das crianças que dormem ao som da leitura de uma Cinderela ou Rapunzel? Só naqueles embalados sonhos o para sempre é real. Depois que crescem, vivem a realidade. Aliás, não era Cinderela sua história favorita quando pequena?
Eu fico triste é por mim. Por não perceber que estou numa eterna volta: conquista, namoro, erros e o fim. Triste por não me dar conta que meus erros não feriram só você, mas também a Marisa, a Fernanda, a Tatiana, a Maria Clara... e por não ver que o problema não foi você, nem elas. O problema sou eu.
Muitos usam desse papo de “não é você, sou eu” para terminar um relacionamento. Só que comigo é sempre o contrário. Foi você (e todas as outras) que me disse, ou deixou a entender que o problema não era você, mas eu.
Eu fico triste por não ver que eu sempre caminho para o mesmo buraco. Para a mesma vidinha simples e sem aventuras, para a mesma rotina medíocre que acredito ser o suprassumo da existência humana.
Psicologia, psiquiatria, hipnose, acupuntura, terapia holística, exercícios físicos, menos álcool, voto de solidão. Sei lá o que pode me fazer mudar. Qual a sua sugestão? Quer dizer, você nem tem que me dar nenhuma sugestão. A essa altura já deve estar bem longe. De volta àquele apartamento que você dividia com as amigas. Me deixe mesmo aqui. É melhor pra você.
Quanto a mim? Bom, o ciclo recomeça. Vejamos quanto tempo dura o próximo. Bom que estes escritos já ficam aqui, à mão para o próximo cartão de despedida.
Boa sorte pra você. Espero que goste das flores.