- Duda? Duda, acorda!
- Aahh! Cabeça tá doendo... JANA!??
- Oi!
- O que aconteceu? Onde eu tô?
- Calma, tá tudo bem. Você tá na minha casa. No meu quarto.
- O que aconteceu? Por que vim pra cá? Por que dormi aqui? A
gente...??
- A gente ficou, Duda. Só isso. Você lembra?
- Lembro, claro. A gente se beijou. O Teta e a Luana
chegaram fazendo festa, trouxeram bebida, nós dançamos, bebemos mais... e tô
aqui agora...??
- Hahaha! É, foi bem isso. O problema foi o tanto que você
bebeu. Passou um tanto da conta. Acho que sua cabeça tá te dizendo isso, né?
- Tá, mas por que você me trouxe pra cá? Por que não fui pra
casa? Por que você não me largou com o Teta?
- Bom, eu não tive muita escolha. A Verônica chegou na
festa, o Teta sumiu com ela. A Luana tava sozinha, achei até que ela ficou meio
chateada, mas não entendi com quê. A gente tava ficando, tava bom, tava
legal... Você disse que ia ao banheiro, demorou uns 20 minutos. Achei que você
tava me dando um perdido até que o Sandro veio me chamar dizendo que você tava
passando mal no banheiro...
- Vomitei?
- Muito. Aí meu pai veio me buscar, contei pra ele que você
tinha dito que estava só em casa, que não ia ter ninguém pra cuidar de você e, bem, você veio dormir aqui.
- Minha nossa, que vergonha. Pelamordedeus, Jana! Com que
cara eu saio desse quarto agora? Sua família tá toda aí? Que horas são?
- Meus pais acabaram de sair. Foram ao mercado comprar umas
coisas pro almoço. São 10h30. Acho bom você levantar pra comer alguma coisa. E
beber água.
- Essa roupa? Cadê a
minha?
- Essa é do meu pai. A sua tava toda vomitada. Nem sei cadê
pra te falar a verdade. Mas acho que sua camisa nova, comprada pela mamãe, não
vai mais ser a mesma.
- Meu Deus. E eu tomei banho? Deixa eu ir embora. Eu como em
casa, não precisa de café... Mas aceito a água.
- Duda, calma! O pior já foi ontem. Meu pai deixou você vir,
então tá tudo bem. Você tomou banho “sozinho”. Meu pai ficou na porta te
vigiando pra ver se tudo corria bem. Mas não tem problema. Ele se divertiu. Sabe,
como é, ne? Só eu de filha. Menina. Não costumo fazer essas extravagâncias. Ele
curtiu “cuidar de um filho”. Acho até que minha mãe vai se sentir chateada se
você não ficar pra almoçar.
- De jeito nenhum. Vou embora agora. Nãovouaguentardevergonhadedordecabeçadeânsiadevomito. Não necessariamente nessa
ordem. Preciso das minhas roupas pra ir embora. Me ajuda a achar?
- Faz o seguinte. Levanta, vai ao banheiro, lava o rosto que
eu vou ver se suas coisas estão lá em baixo.
- Vem cá. Se eu dormi aqui, onde você dormiu?
- No quarto dos meus pais. Coloquei um colchão no chão. Meu
pai disse que trazer um amigo bêbado pra casa, tudo bem. Dormir no mesmo quarto
que ele já era demais. Hahahha. O banheiro é ali, ó. Vai lá que vou procurar
suas roupas.
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Vergonha. Tudo que Duda sentia era vergonha. Tinha ficado
pela primeira vez com a Jana e passado vexame.
Vergonha dele, dela, dos pais dela. Minha nossa, ele tinha
dormido bêbado e vomitado na casa dela, no quarto dela, na cama dela. Ele
tinha tomado banho na casa dela, no quarto dela, no banheiro dela.
Pior, podia ter falado um monte de bobagem que nem fazia
ideia. Será que falou da Luana? Será que insinuou segundas intenções com a
Jana? Tinha dormido na cama dela. Será que chamou ela pra deitar lá? Não
lembrava de nada.
De
frente pro espelho da banheiro, molhou o rosto e a cabeça. No reflexo enxergou
um sutiã. Preto. Delicado. Rendado. Pequeno. Era perfeito pros peitos da
Janaína. Era um sutiã dela. A mão coçou pra pegá-lo.
Este texto faz parte da primeira tentativa deste blog de
criar uma história longa e não apenas um conto. Acompanhe a continuidade dele
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