segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

A Placa

PROCURA-SE. Era esse o aviso que Gabriela carregava numa placa pendurada em seu pescoço. Para onde ia, lá ia a placa junto. Sempre balançado no elegante ritmo de seu caminhar. Não tirava nunca. Nem para tomar banho. Era como aquelas histórias de filme em que a pessoa tem um amuleto da sorte e usa ele em qualquer situação. Era assim que ela agia com a placa.

A grande diferença era que aquilo não poderia ser considerado um amuleto. Muito menos da sorte. Afinal, sorte seria se ela encontrasse e não mais precisasse carregar aquela placa. Não que ela achasse ruim. Aquilo era como um estímulo a ela. Para não desistir enquanto não encontrasse.

Mas muita gente nem lia sua placa. Muitos sequer notavam que havia aquela placa ali. Mesmo grande, com letras garrafais e em cores berrantes, não era todo mundo que conseguia vê-la. Alguns percebiam que havia algo, mas não conseguiam dizer o quê. Outros sabiam que era uma placa, mas não davam conta de ler o que vinha escrito. Alguns, com muita dificuldade até liam, mas cansavam por demais a vista e desistiam.

Às vezes, ela até ajudava na leitura, mas via que estava esforçando-se em vão e deixava para lá. Mas a busca não terminava. Ela continuava empunhando sua placa com certeza de que um dia encontraria. Por que carregar uma placa, pesada e trabalhosa em seu pescoço? O que ela procurava?

O amor. Era ele que ela buscava. E era por ele que ela fazia aquele esforço. Até o dia em que deixará de carregar a placa e vai ser carregada por ele.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Todo carnaval tem seu fim


A pergunta
Oi, tudo bem? Como foi de carnaval? Comigo foi mais ou menos. Fiquei em casa mesmo, sem clima para festa. E olha que antes estava animado pra viajar. Achei que estivesse muito certo ao tomar aquela decisão. Me enganei. Desabei antes de começar a festa e me arrependi de tudo aquilo. Não devia ter acabado com você. Fui influenciado por meus amigos. Achei que me divertiria sem você. Me enganei. E pior: eles todos, os meus amigos, viajaram. Fiquei só. Pensando em você.

Sei que é muito egoísmo da minha parte fazer o que faço agora. Você sofreu, chorou e disse que não queria acabar. Ficou com raiva e mesmo assim não percebi que estava fazendo a coisa errada. Errei feio. Ainda te amo. Amo muito. E estou completamente arrependido de tudo que fiz e queria, na profundidade da minha vergonha, te pedir desculpa e se puder considerar meus erros e voltar pra mim. Pelo que te conheço, sei que não vai ser fácil. Mas, se ainda me quiser, estarei aqui, te esperando... Beijos. Te amo...

Três dias depois...

A resposta
Olha, posso imaginar o que você está sentindo. Eu acho até que já sabia que isso poderia acontecer. Sua decisão foi muito precipitada. Você estava visivelmente influenciado por seus amigos e por essa viagem de carnaval. Mas esqueceu que não pode fugir dos seus sentimentos. Eu sofri muito. Chorei dois dias, mas, ao contrário de você, tive muito apoio das minhas amigas. E viajei com elas. Me diverti muito. Vi suas ligações, mas não quis atender. Feliz ou infelizmente, pensei muito pouco em você.

Hoje, por mais rápido que pareça, não sofro tanto e cheguei a conclusão que não quero mais namorar. Sobretudo depois que senti tudo que você me causou. Senti-me chutada, descartável, trocada pelo carnaval e por seus amigos. Senti-me um nada. Eu gosto de você. Tenho um carinho imenso e lembro de cada momento bom que vivemos juntos. Mas não quero mais. Acho que poderemos ser bom amigos...

E é o fim. É fiiiiim!