
"Quem sabe o que é ter e perder alguém sente a dor que eu senti".
Quem teve um amor colegial sabe. Aquele sofriiiido. Dolorido. Chamo de amor do fim do mundo. Porque com aquela perda a gente dificilmente acredita que vá sobreviver. Todo coração que se preze teve um assim. Ao menos unzinho um momento da vida.
É o instante da descoberta. Quando o coração massacrado descobre que pode amar. Ali a gente praticamente nasce. Se desmonta em lágrimas até sobrar choro e faltar lágrima. Até quando, meu Deus? Me ajuda, meu Deus. Quero morrer. Vou morrer. Não posso morrer.
Os primeiros dias são daqueles. Quem sentiu lembra. A gente acha que jamais vai se recuperar. Jamais será o mesmo. E, claro, mudamos mesmo. Quem sofreu feito cachorro louco sabe que se tornou uma pessoa melhor.
Hoje, aguentamos o tranco. O amor colegial nos ensinou a crescer. Apresenta a independência. Valoriza amizades e cultivá-las. E mais: mostrou que um grande amor só é mesmo grande com o tempo. No começo, são apenas palavras. Pequenas palavras.
O momento sofrido e marcante serve também pra olhar em volta e ver quem está conosco. Os amigos de verdade aparecem. Os pais se aproximam. Os irmãos olham penosos. Aproximam-se em profecia: tudo vai dar certo.
Levo na bagagem uma frase importante, ouvida anos depois do meu périplo colegial. De um amigo. Fera nessas coisas de coração. O cara tem frieza e racionalidade. Pé no chão. Armas essenciais contra o desespero de um coração emocionado.
Disse, sabiamente:
Rapaz, nessas horas, senta e espera. Uma hora passa...
E passa?
Passa. Um dia passa.