A vida é feita de histórias. Boas e ruins. Surpreendentes ou não. Você nunca estará livre de histórias marcantes.
sexta-feira, 30 de setembro de 2011
Dói, mas sempre passa
"Quem sabe o que é ter e perder alguém sente a dor que eu senti".
Quem teve um amor colegial sabe. Aquele sofriiiido. Dolorido. Chamo de amor do fim do mundo. Porque com aquela perda a gente dificilmente acredita que vá sobreviver. Todo coração que se preze teve um assim. Ao menos unzinho um momento da vida.
É o instante da descoberta. Quando o coração massacrado descobre que pode amar. Ali a gente praticamente nasce. Se desmonta em lágrimas até sobrar choro e faltar lágrima. Até quando, meu Deus? Me ajuda, meu Deus. Quero morrer. Vou morrer. Não posso morrer.
Os primeiros dias são daqueles. Quem sentiu lembra. A gente acha que jamais vai se recuperar. Jamais será o mesmo. E, claro, mudamos mesmo. Quem sofreu feito cachorro louco sabe que se tornou uma pessoa melhor.
Hoje, aguentamos o tranco. O amor colegial nos ensinou a crescer. Apresenta a independência. Valoriza amizades e cultivá-las. E mais: mostrou que um grande amor só é mesmo grande com o tempo. No começo, são apenas palavras. Pequenas palavras.
O momento sofrido e marcante serve também pra olhar em volta e ver quem está conosco. Os amigos de verdade aparecem. Os pais se aproximam. Os irmãos olham penosos. Aproximam-se em profecia: tudo vai dar certo.
Levo na bagagem uma frase importante, ouvida anos depois do meu périplo colegial. De um amigo. Fera nessas coisas de coração. O cara tem frieza e racionalidade. Pé no chão. Armas essenciais contra o desespero de um coração emocionado.
Disse, sabiamente:
Rapaz, nessas horas, senta e espera. Uma hora passa...
E passa?
Passa. Um dia passa.
sexta-feira, 23 de setembro de 2011
Não tem clichê
Eu poderia usar todos os clichês românticos para tentar explicar o que sinto e ainda assim não seria possível.
Porque dizer que meu coração é seu é muito pouco. Não só o coração, mas a cabeça – que deveria estar pensando em trabalho e nessa pilha de papel na minha mesa – também é sua. Tudo que me vem a mente traz você junto. Um cheiro, uma cor, uma música, nosso prato favorito, o sorvete de chocolate com gotas de chocolate, as havaianas lilás tamanho 35, o pote azul metálico de creme... tudo é você.
Mais do que exaltar que te amo, é preciso explicar que ate ontem eu só amava a mim mesmo. Eu era a pessoa mais importante do universo e mais ninguém. Meu prazer, minha vontade, meu desejo, minha preferência. Eu, eu, eu, eu. Até ontem. E como explicar essa mudança? Como explicar essa constante preocupação que queima aqui dentro para saber se você está bem, se comeu, se dormiu, se teve dor de cabeça, se bebeu água, se lembrou de levar um casaco. Estou parecendo uma mãe!
Só que não ha clichê que explique isso. Felizes para sempre, alma gêmea, cara metade, tampa da panela, chinelo velho para o pé cansado, metade da laranja, feitos um para o outro. A mim não importa o nome que você dê. Desde que nunca exista o coração em pedaços.
sexta-feira, 16 de setembro de 2011
Instrumental
Quero te dedilhar. Feito um baixo. Seis cordas. Passar meus dedos e te sentir vibrar. Ouvir o grave do teu gemido.Tapping, te ouvindo ressoar.
Te colocar entre meus lábios. Sentir teu gosto amadeirado, tal qual a palheta 3 e ½ do meu saxofone. E te linguar, lamber. Soprar. Apertar todas as teclas. Ouvir teu grito. Alto, baixo, tenor, barítono, soprano, contralto. Todas tuas potências.
E vou te bater. TUM. Ritmado. TUM. TUM. A mão no teu couro. TUM. TUM. TUM. Para fazer você tremer. TUM. TUM. TUM. TUM. Para sentir tua cadência. TUM. TUM. TUM. TUM. TUM. Feito um tambor. TUM. TUM. TUM. TUM. TUM. TUM.
Me plugar em você, guitarra elétrica. Pisar fundo no pedal. Alta voltagem. Distorção. Contorção. Emoção. Criação. Tesão.
Minha partitura é você. Teu gemido, melodia. Teu orgasmo meu sucesso cantado por todos os públicos. Você e eu no topo da Billboard. Vencedores de dez Grammy’s. E os lençóis a nos aplaudir.
sexta-feira, 9 de setembro de 2011
Meu vício, meu problema
Estou cansada de juntar teus pedaços pra ver se te tenho por inteiro. Tua força em não se envolver demais pra não se entregar já me trouxe ao limite. E o pior de tudo é que não sei o que fazer. Cada vez que penso em te deixar metade de mim me pede que não. A outra nem sequer cogita a hipótese.
E dessa forma fico aqui vivendo esse meu vício. Essa minha tortura de não conseguir me libertar de você. Porque ainda que aos pedaços meu melhor sonífero é teu cheiro. Mesmo sendo o do uísque-barato-do-bar-pé-sujo-churrasquinho-de-gato de onde você chega na madrugada. Meu melhor relaxante é a tua gargalhada. Mesmo sendo a de ironia quando te pergunto onde você estava e por que chegou tão tarde.
E nessa levada vou vendo o quanto você me vicia. Minha maior medida é você. Meu melhor estimulante é teu gemido. Minha melhor refeição é teu beijo, minha melhor bebida é tua língua. Minha melhor música é tua voz. Minha melhor saudade é teu toque, meu melhor sonho é ao teu lado. Meu maior segredo é teu nome. Meu maior problema é você.
sexta-feira, 2 de setembro de 2011
Item Fundamental
- Oi pequena!
- Que bom que você chegou. A gente tá precisando mesmo conversar.
- Nossa, que tom... o que aconteceu? Você tá bem?
- Não. Não estou bem. Estou triste.
- Mas por quê? O que te aconteceu, minha princesa? Por que você está triste?
- To triste por nós.
- ... Não entendo...
- To triste porque sei que você me ama. Sei que você quer ficar comigo, mas eu não consigo mais ficar com você assim.
Não basta ter amor. Não basta gostarmos um do outro. Não basta nosso papo ser legal e nosso sexo ser ainda melhor. Eu preciso de confiança. E você não confia mais em mim.
Eu sei que eu errei. Eu sei que fiz uma coisa boba e tola que te feriu e machucou. Mas você também sabe que apesar daquilo ser algo que você não esperava de mim, não passou de uma grande brincadeira. Mas você não consegue esquecer. Você não consegue perdoar. E aí, qualquer outra coisa menor é motivo pra você mudar. É motivo pra você agir diferente. É motivo para questionamentos. E isso é o que eu não posso aguentar.
Não quero ser questionada a cada dia. Não quero ser interrogada sobre cada passo que dou. Não quero ter que te contar quem eram todas as 58 pessoas – que eu não conheço – que estavam no bar durante o happy hour que você foi convidado e não quis ir. Não quero ouvir suas respostas atravessadas sobre coisas banais.
Principalmente porque eu sou a pessoa que se você me machucar hoje, amanhã vai ter esquecido e vai te tratar normalmente. Mesmo que não estejamos mais juntos. Da mesma forma como eu faço com os meus ex e você me recrimina. Já parou pra pensar que você pode ser o próximo? Já imaginou como vai ser ruim me encontrar na rua e eu fingir que não te conheço? Fingir que nada do que vivemos existiu? Apagar esses sete anos? É isso que você deseja? Espero que não. Então, meu bem, por favor, não me deixe ser assim com os outros. Não me deixe esquecer meu passado, pois foi ele que criou a mulher que você tem hoje.
Seja mais amigo, seja mais confidente, seja mais confiante. Se estou contigo é porque quero, não porque preciso. Fosse isso já tinha arrumado outro e saído porta afora carregado suas lembranças misturadas às outras e me entregando totalmente ao próximo.
Eu quero que você saiba que estou aqui porque quero estar. Porque quero você. Porque te admiro. Porque confio a você meus segredos e minha vida e não há nada mais importante do que isso para confiar a alguém. Porque amo você.
E é só isso que espero em troca: sua confiança. O resto se ajeita com o passar dos dias. Com o balançar dos corpos. Com o encaixar das bocas.
Será que dá?
- Desculpe, querida. Não sei nem o que falar...
- Não te pedi palavras. To pedindo atitudes. Faça. Eu vou notar e as coisas voltam ao seu lugar.
- Meu lugar ainda é aí ao seu lado?
- O edredon não me esquenta sozinho. Preciso de você...
Assinar:
Postagens (Atom)