quarta-feira, 16 de maio de 2007

Parece, mas não é

E era tão grande o desejo dela por ele. E tão grande o dele por ela, que muitas vezes eles nem sabiam o que fazer com aquele desejo todo. E por isso, ficam assim, parados, só se olhando, admirando. Com medo de deixar que aquilo explodisse e virasse uma bola de neve sem fim.

Ele observava cada movimento dela. Cada pedacinho, cada pintinha. Chegou certa vez a tentar contá-las, mas como ela não parava quieta, acabou desistindo. Seu sorriso era certo ao ver o dela. E o sorriso dela era tudo o que ele esperava ver todos os dias.

Ela não conhecia rapaz mais elegante. Ficava impressionada com seus gestos, sua forma de caminhar, falar e claro. De sorrir. Seu sorriso era o mais belo. Não tinha como não sorrir junto, vendo tão bonita expressão. Ela gostava do seu cabelo, sempre penteado. Da sua roupa, sempre bem passada.

E eles passaram anos assim, felizes, se admirando. Ele, atrás do balcão da lanchonete, entre um hambúrguer com milk-shake de chocolate e outro, que ficava de um lado da rua. Ela, da vitrine da butique do outro lado, enquanto atendia às clientes. Era uma paixão fantástica, que não conhecia limites.

Até o dia em que eles se conheceram. Apesar da elegância do balcão, ele não era nada educado. Apesar do belo sorriso, ela tinha bafo. Apesar da roupa bem passada, ele não usava desodorante. Apesar das várias pintinhas, sua pele tinha uma textura estranha. Não deu, não houve química.

E acabou-se a paixão.

4 comentários:

  1. Ai que tristeza Paulo!
    Tava tão bonitinha a história!
    hahahahahahaha

    Beijos
    Aqui eu posso!

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  2. Nossa, que triste essa história...
    Mas a paixão só acabou por causa do bafo dela e da grosseria dele?
    Acho que esse casal tinha que repensar algumas coisas e sonhar com o futuro...

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  3. Como diria Alfie, por mais bela e, aparentemente, perfeita que seja a estátua de Afrodite, pode procurar, ali terá uma rachadura!
    Cabe a você decidir se vai conseguir viver com essa rachadura ou não.
    Ainda bem que eles conseguiram se desmistificar... que amor sem graça esse perfeito!

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  4. por isso que eu digo: quando não dá, não dá meeeeesmo... a explicação é simples: não deu (deixa assim, como está, sereno)!

    Abçs Paulete, parabéns!

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