“Você está, sem dúvida, na lista das pessoas mais interessantes e insanas que já conheci.” Foi assim que ela se dirigiu a mim depois de uma semana de convivência. Confesso que por alguns minutos não soube dizer se a frase, misturada ao seu constante tom ameaçador, era um elogio ou uma ofensa. Mas o longo beijo que me deu ao se aproximar, sem dúvida, deixou claro que era um elogio. Ou uma ofensa. E um beijo de piedade. Não sei. Até porque, ela me beijou e foi embora.
Era um beijo de despedida e um agradecimento pelos sete dias passados? Ou era um beijo de dó e uma certa pena pela pessoa que ela viu em mim? Capaz de nem ela saber me explicar. Mas o tempo foi todo calculado para a frase, aproximação, beijo e a entrada no táxi que a esperava. Meu “tchau, volte sempre que puder” só foi ouvido pelo gari que varria a rua naquela hora.
Depois de uma semana intensa vivida lado a lado ela simplesmente saiu de mim, assim como entrou. Num acontecimento fortuito. Numa passagem da vida que poderia passar despercebida por qualquer um. Assim como nos conhecemos na tentativa de embarcar em um táxi no aeroporto de Brasília, ela se despediu de mim antes de entrar em outro e voltar ao aeroporto. Voltar ao seu frio e solidão (imagino eu) seja lá onde ele for.
Porque não acredito que lá ela vá entrar em outro táxi já ocupado, meio sem querer. Não acredito que esse táxi terá outro passageiro tão “interessante e insano” quanto eu. Não acredito que ela vá estar sem um hotel reservado. Não acredito que a cidade não terá quartos disponíveis. Não acredito que ele vá sugerir que ela fique na casa dele. Não acredito que eles vão descobrir tantas afinidades. Não acredito que ele vá pedir uma semana de licença no trabalho para ficar com ela.
Não acredito que ela vá passar outra semana recheada de sexo, de paixão, de histórias. Não acredito que ela viverá outra semana de bons restaurantes, bons filmes, boas músicas, bom vinho. Não acredito que ela terá outra semana de bons sonhos, bons despertares e bons bate-papos no escuro do quarto.
E, principalmente, não acredito que ela tenha coragem de arrumar suas coisas, chamar um táxi e esperá-lo do lado de fora enquanto ele foi à rua buscar mais daquilo tudo de bom de antes. Não acredito que ela... eu não acredito nela. Eu não acredito. Não acredito que sou tão interessante.
Mas acredito que sou um insano por ter feito tudo isso. E acredito em amor à primeira vista.
Sabe que eu tb acredito? Texto show!!
ResponderExcluirQue inveja, queria saber escrever assim...
ResponderExcluirÓtimo texto companheiro.
10!
ResponderExcluirAdorei! Perfeito! Bjs
ResponderExcluirAhhhh, o amor! Inexplicável e louco assim.
ResponderExcluircaramba! ÓTIMO! mesmo.
ResponderExcluirMuito boa meixmoooo sua crônica! Não sei se acredito em amor a primeira vista, mas acho que hoje em dia não somos criados para acredita ;)
ResponderExcluirValeu mesmo por ter mandado o link no tuiti, vale muito a pena.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirShow de bola!
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