sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Colchete


Não é que a camisa fosse transparente. Mas também não era de um tecido muito grosso. E através dela, ele conseguia ver detalhes do sutiã que ela usava. A blusa azul bebê, o sutiã num tom semelhante, delicado como ela. De costas parecia ainda mais transparente e ele podia ver, claramente, a espessura da faixa que cruzava as costas e o fecho que ele ansiava em abrir. Era fino, delicado.

Claro que batia aquele medo de não conseguir abrir e o negócio travar e ficar aquela situação embaraçosa, demonstrando que ele era mesmo um cara sem nenhuma experiência naquelas coisas de amor. Mas continuava na esperança de que na hora, a adrenalina entrasse em ação e ele conseguisse se virar sem muita dificuldade. E ali encontrar a felicidade: abrir o fecho do sutiã e poder se deparar com os seios dela.

Não eram grandes. Seus amigos costumavam falar de “peitão, tetão, vacona leiteira”. Ele não era muito afeito a tudo aquilo. Ele não queria peitos que fossem além do que suas mãos eram capazes de segurar. Por isso ele pensava que os dela não eram grandes, eram apenas perfeitos.

Ele queria sentir a textura, o movimento. Ele queria poder tocar, morder, chupar. E sentir cada reação do corpo dela ao toque dele. Ele queria a ela.

Mas o sutiã parecia uma barreira difícil de transpor. Ele precisaria de mais que palavras. Ele precisaria de alma. Ele precisaria vencer o medo do colchete. Ele precisava treinar mais com o sutiã que roubara do varal da vizinha.

Este texto faz parte da primeira tentativa deste blog de criar uma história longa e não apenas um conto. Acompanhe a continuidade dele pelo marcador #desenvolvimento

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