sexta-feira, 12 de julho de 2013

Ali tem um coração

Ela diz que não tem. Mas sabe que tem. Ela diz que é frio. Mas sabe que queima. Ela chega até a dizer que é de pedra. Mas é, nitidamente, de manteiga o coração daquela menina. Não há outra hipótese. Só ela mesma acredita em seus contos, naquela pose de durona, nos palavrões que solta como vírgulas pra afirmar que ali tem dureza.

De resto, o mundo e, principalmente, ele veem, ali, só amor. Veem aquele coração que ela teima em castigar. Veem aqueles olhos cheios de ternura, aquela cabeça cheia de boas intenções e o coração – sim, ele existe – cheio de amor pra dar. Um amor derretido, feito a manteiga. Um amor meloso. Um amor carinhoso.

Era tão visível pra ele – e pro resto do mundo – que quase sempre não consegue entender por que ela mantem a pose. Talvez ela realmente ache que não tem um coração ali. Foi roubado por um ex amor, vai saber. Ou que antigas pancadas o tenham calejado e por isso, hoje era duro. Ou tanta falta de carinho, de calor humano, o tenham deixado mesmo congelado. Não dá pra saber.

Mas ele sabe que ali tem um coração. Ele sabe que na hora que ela deixar pra trás esse papo de menina de gelo tudo vai aflorar. O amor vai surgir, a manteiga vai derreter, as lágrimas vão rolar. E ele vai estar ali, ao lado dela, segurando sua mão e dizendo que ele sempre soube da verdade, enquanto os dois corações se aquecem.

4 comentários: