sexta-feira, 18 de abril de 2014

Bala de goma

Engraçado como a gente se pega, vez em quando, relembrando dos outros por coisa tão boba e simples, né? Mas é isso mesmo. O amor tá aí nessas coisas bobas e simples. Tá naquela mania que ela tinha de só dormir balançando. No ritual dele de entrar no carro, girar a chave, ligar o som, abrir os vidros, colocar os óculos, apertar o cinto e só depois partir. Tá no desejo dela por nuggets no meio da madrugada. Tá no choro dele por um jogo de futebol.

E foi numa dessas que me peguei pensando em você. No sinaleiro, me veio o menino oferecendo “bala, chiclete, halls”. Eu perguntei pela jujuba. “Três pacotes por dois” foi a resposta dele. Me vê seis, mas deixa eu escolher, respondi. E pouco antes de abrir a passagem pros carros, vi aquele pacotinho com apenas uma jujuba vermelha e quatro verdes! Quatro verdes, dentre as dez do pacote.

Não tive dúvida em levá-lo junto dos demais. Qualquer um acharia isso bem ruim. Todo mundo adora a balinha vermelha. Menos a gente. A gente sempre brigou pra ficar com a verde. Nossa alegria era o pacotinho que vinha com duas verdinhas, que ninguém ficava sem. E aí só veio você na minha cabeça. A jujuba verde me fez lembrar de ti.

O amor tá aí nessas coisas bobas e simples, né? Deixei o pacote ali, como quem espera o momento adequado pra comer. E quando abri, comi todas as jujubinhas. Mas deixei as quatro verdes guardadas, como quem espera alguém pra poder dividir o tesouro. Mas você não vem, né? Você ainda gosta da jujuba verde? Eu não sei. O amor também está aí nessas coisas de um conhecer o outro, né? Eu não sei mais se te conheço.


Joguei as quatro jujubas verdes fora. Comi uma única que tinha no outro pacote. Era só minha, não precisava dividir. Você não está mais aqui.

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