sexta-feira, 4 de abril de 2014

Pra não morrer de saudade

- Alô

- Oi.

- Oi! É você? Que número é esse?

- Ah, é um telefone novo do trabalho. Tô sem bateria no meu e acabei usando ele pra ligar.

- Agora tá com agenda compartilhada entre os aparelhos? Antes você não usava...

- Não. É que eu ainda sei o seu telefone de cor.

- Ah... e aí? Tudo bem?

- Tudo. Tudo sim. Tô pra te ligar há uns dias. Cheguei a discar teu telefone outro dia, mas era dia da mentira  e achei que ia soar falso. Mas é que li uma coisa que me fez pensar em você o tempo todo.

- O quê?

- Dizia assim: quem vive de orgulho, morre de saudade. Por isso tô te ligando. Por isso tô deixando todo meu orgulho de lado e não tô nem aí pro que você vai pensar. Também nem quero saber o que você vai fazer com o seu, mas a real é que eu não quero morrer de saudade, mas já tô morrendo.

- ... Eu não sei o que dizer.

- Não precisa falar nada. A situação aqui é sobre o meu orgulho. É ele quem tá indo embora. Então liguei pra dizer que ainda te amo, sim. Que ainda sofro. Todo dia. De saudade, de falta, de ausência, de não saber o que fazer, de querer te ouvir, de querer te ver, de querer te abraçar. Sofro por fazer coisas que eu sei que você adoraria, mas não está comigo. Sofro por entender os seus motivos e ainda assim não aceitar.

- Calma, não fala assim. Eu achei que tava tudo bem já...

- Eu também achei. Mas não tá. Não tá mesmo. Tá ruim. Bem ruim, aliás. Eu sinto sua falta.

- Eu também sinto.

- Então larga essa droga desse orgulho! Vai morrer de falta!


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