sexta-feira, 9 de maio de 2014

GPS

Londres é fria. São Paulo é cinza. Roma é velha. Buenos Aires é sentimental. Lisboa é escura. O Rio de Janeiro é suado. Sidney é longe. Santiago é saudosa. Nova York é muito agitada. Curitiba é sem sal. Pirenópolis é mal estruturada. Vitória é chata. Dubai é extravagante. Belo Horizonte é claustrofóbica. Goiânia é bagunçada. Bangkok é perdida. Rio Verde é escondido. Governador Valadares é uma panela de pressão. La Paz é alta.

É só aqui na nossa Brasília que meu coração bate sem pressa, sem medo. Em condições normais de temperatura e pressão. Sem medo de se perder, sem medo de te encontrar. Bate sem saudade. Bate ritmado.

É aqui, entre as asas, debaixo das árvores que ele vive sem problemas. Entre a ponta do meu avião e o miolo do teu cruzeiro do sul, no céu. Seja azul ou estrelado. É aqui que ele se orienta com sul, sudoeste, noroeste e que a bússola aponta sempre pra você, o norte.

Meu destino é sempre você, ainda que encontre atalhos por aí. Ainda que pare para um pastel com caldo de cana na Rodoviária. Ainda que breque a cada sinal vermelho; a cada pardal de 60 km/h. A moça do GPS me diz: seu destino está próximo.

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