sexta-feira, 18 de julho de 2014

Buffet

Já provei diversos corações. Degustei como as maiores iguarias que existem no mundo.

Alguns vieram bem temperados, com bons acompanhamentos, mas que serviram apenas para esconder a má qualidade da carne. Outros, bons, porém em pequenas porções, não me serviram nem de entrada.

Outros, servidos em bandeja e fatiados com talheres de prata, me foram apresentados com tanta pompa que me empolguei. Mas não passaram de mero confete. Espuminha de canapé. Muita pompa pra pouca sustância.

Muitos foram doces. Saborosos, daqueles que dão vontade de não parar nunca de provar. Derretiam na boca. Borbulhavam o estômago ao sentir o cheiro. Acalentavam a alma depois de comê-lo. Mas acabaram-se, sem direito a repetir, tampouco a sobremesa.

Também vieram os corações surpresa (ruim). Uma bela e apetitosa casca, mas um horrível e amargo recheio. Desses não cheguei nem a terminar de comer a casca. Na primeira garfada do recheio já senti que era melhor trocar de prato.

Mas agora, o que me farta, o que me satisfaz é devorar você. O seu coração, cru, carne viva, sangrando. É dele que eu quero mais. É ele que me deixa satisfeito. Entrada, prato principal, sobremesa. Assim mesmo, sem tempero, sem preparo, sem criação. Puro, limpo, simples. Servido ao natural, como uma fruta arrancada do pé e mordida no mesmo instante.

Não quero prato. Não quero talher. Não quero guardanapo. Vou te comer com as mãos e me lambuzar.

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