quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

Sono

Ela não conseguia dormir. Rolava de um lado para o outro. Cobria-se sentindo frio, descobria-se com calor. Um travesseiro a mais na cabeça. Outro entre as pernas. Um copo d’água. Algumas páginas de um livro meio chato sobre a Revolução Francesa. Sessão Corujão na TV. Nada a fazia dormir.

Já fazia um mês que isso se repetia. Toda noite a mesma ladainha. Ela nem pensava mais em ir deitar-se. Dava boa noite à todos, entrava no quarto e lá ficava. Começou a escrever um diário. Sentada em sua escrivaninha, escrevia tudo o que havia feito durante o dia. Até poesia começou a escrever. Não era nenhuma Cecília Meireles, mas era a maneira de expressar seus sentimentos.

As noites passavam e mais seus sentimentos se esvaiam nas folhas do diário. E daquela forma ela começou a tentar achar o por que de sua insônia. Funcionava como uma terapia. Palavras, sensações, lembranças, tudo no papel para tentar adormecer. E mais de um mês havia se passado.

Até o dia em que ela o encontrou novamente. Meio sem jeito, sem saber como agir depois de tudo o que tinha lhes acontecido, ela deu um sorriso e acenou com a mão. Ele – parecendo ainda mais sem graça – respondeu da mesma maneira. Saíram, cada um para uma direção diferente. Andaram em círculo e, distraídos, acabaram topando um no outro.

Ele a segurou com um abraço, daqueles apertados, que a gente dá quando tem muita saudade. Ela não retribuiu. Simplesmente caiu no sono. E desta forma, ao acordar no dia seguinte com ele ao seu lado – vigiando os seus sonhos –, descobriu que o que lhe faltava para dormir era o peito dele para descansar a cabeça, seus braços lhe apertando, seu corpo lhe aquecendo e seu cheiro que trazia a calma necessária para uma noite tranqüila de sono.

6 comentários:

  1. Muito bom o texto Paulinho!
    Nada depressivo!
    Na verdade muito esperançoso!
    Adorei!

    Beijos

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  2. Adorei o texto Paulinho! Muito bom de ler.
    Beijos

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  3. Gosto do jeito como escreve, pois o leitor consegue se projetar no texto, o que torna a leitura mais prazerosa.

    Parabéns!
    =)

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  4. Anônimo1/3/07 15:43

    Paulinho!
    Muito bom o texto!
    Realmente, tem horas que tudo que precisamos é de um abraço...AQUELE abraço..me sinto assim as vezes!

    Beijoss

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  5. Anônimo1/3/07 19:32

    Bom texto Paulinho!!!
    Abraço

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  6. esse texto está bom como um abraço...

    abçs

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