A vida é feita de histórias. Boas e ruins. Surpreendentes ou não. Você nunca estará livre de histórias marcantes.
sexta-feira, 29 de julho de 2011
O valor do "vale naite"
Se você pretende saber como são os seres viventes humanos, dê-lhes um "vale naite". Aportuguesado mesmo. Bem ralé e cheio de energia. De uns quatro dias. Mas cuidado com as consequências.
- Amor, vou viajar na quinta.
- Viajar? Cê tá doida? Que história é essa?
- É. Vou com meus pais. É aniversário do meu avô e terei que ir.
- iiii, gata. É mermo? Programão, hein? E cê volta quando?
- Volto no domingo. Vai ter a festa no sábado, mas meus pais querem ir antes.
- Pô. Tudo isso? (carinha de triste)
- Pois é. Tudo isso. (beijinho na carinha de triste)
- Então, tá, né? Vou ficar por aqui, te aguardando.
- Te comporta, viu? Nada de ficar na farra.
- Que farra nada, amor. Só vou na bola quinta, que você já sabe, e de lá um chope com a galera. Uma da manhã, no máximo, eu tô em casa.
- Uma da manhã?!!! Mas cê sempre volta meia-noite.
- É, amor, mas cê não tá aqui, né? Então posso dar uma atrasadinha.
- Ummmmm. Já vai começar.
- Relaxa, xuxu. Na sexta vou ter que ir para casa dos meus primos, viu?
- Primos?! Pô, mas você nunca vai na casa dos seus primos. Nunca sai com eles.
- Por isso mesmo, linda. Quero marcar uma presença. Eles me ligaram no começo da semana. Vai rolar um poker lá e me chamaram. Só homem mesmo. Se você estivesse aqui eu não iria. Mas como cê vai tá fora - e eu não vou ter o que fazer sem você aqui - vou lá.
- Tá, mas me liga de lá pra eu saber que você tá lá mesmo.
- Me respeita. Cê acha que eu vou pra onde? E outra coisa. Lá na casa do Márcio sabe como é. O celular pega mal. Mas vou ligar pra você quando tiver indo.
- E no sábado?
- No sábado vou na praia com a galera, como sempre. Dessa vez sem você.
- E domingo?
- A ressaca vai tá braba. Não vou querer saber de rua.
- Tá. Rum. Vou ficar de olho.
- Relaxa, lindona. Confia no papai...
A sexta chega livre leve e solta. Tudo armado. O poker vai virar sertanejo na Toca do Urubu com a rapaziada toda na ilegalidade. Banho tomado, perfuminho e base na casa da primalhada. Urru! A noite promete.
Não fosse o telefone tocar. O número é o do celular da sogra.
- Alô?
- Aloou! Oi, dona Marlene. Como tá, tudo bem?
- Tudo. Tentei ligar no telefone da Julinha, mas tá desligado. E como tá a viagem?
- Viagem? Eu que pergunto, dona Marlene. Vai ter festão?
- Que festão, meu filho. Tô em casa, preocupado com minha filha que viajou e não me ligou ainda.
- Viajou? Ela não está viajando com vocês? Me falou que iria no aniversário do avô com os pais.
- Aniversário? Não. Ela me disse que viajaria com você pra fazenda de uns amigos seus. Ai meus Jesus...!
- Jesus, dona Marlene? Puta que pariu...
sexta-feira, 22 de julho de 2011
Te amo. E pronto.
Eu sei que teu sonho era um namorado daqueles bem sensíveis e românticos. Que tu desejavas mesmo era ter um cara que te desse beijo de cinema na fila do cinema, que adentrasse o apartamento te carregando no colo, te jogasse na cama e te despisse com delicadeza. E depois, com uma bela bandeja de frutas na cama, te dissesse as palavras mais bonitas e poéticas que você adoraria ouvir.
Mas fazer o quê? Calhou de eu me apaixonar por você e, amém, você se apaixonar por mim. E acontece que eu não sou assim. Tenho esse meu jeito mais tímido, mais grosseirão. Não tenho muita leitura nem tendências a surtos de romantismo. Minha ganância na hora de tirar sua roupa é tal qual a de menino atacando o brigadeiro depois do “Parabéns pra Você”. Mas é que é assim mesmo que me sinto: menino frente ao seu doce preferido com o qual ele quer se deliciar e lambuzar.
Tenho consciência de que não digo as coisas certas nas horas certas. Que perco o momento ideal pra te fazer um elogio e dizer que teu cabelo está lindo ou qualquer outra dessas coisas que você gosta de ouvir. Eu não abro a porta do carro, não mando mensagem de bom dia e, se deixar, passo o dia inteiro sem ligar. Não te dou meu agasalho quando você está com frio, não desenho coraçõezinhos com nossas iniciais no vapor do espelho depois do banho quente. Mas sei lá, acho que o melhor que te digo, sem dúvida nenhuma e sem medo de errar é: Te amo. E pronto.
sexta-feira, 15 de julho de 2011
Quando?
Às vezes eu me pego pensando em quando será que vou te encontrar de novo. Você foi embora tão repentinamente. Não deu tchau, não deixou bilhete de despedida. E eu fiquei aqui sozinha, sem entender
Eu sei que não sou santa. Que, como você sempre disse, “tenho gênio difícil e não sei perdoar os outros”. Meu coração é mesmo estranho. Capaz de detestar alguns por tão pouco e amar outros – você – também por quase nada. Mas ainda assim fico sem saber se foi por isso que você me deixou.
A verdade mesmo é que eu queria entender. Saber o porquê. E, decididamente, saber quando iria te encontrar para você me dar todas essas respostas. Por que não é possível que você não se lembre de mim. Não acredito que você tenha me apagado das suas memórias.
E mais do que isso, não acredito que você simplesmente se esqueceu que me amava. Que eu era sua. Com todos os defeitos, crises, loucuras e manias, mas sua. Inteira. Corpo, alma, pele, cheiro. Lembra disso? Era a nossa “santíssima trindade, mas com quatro itens”. Cadê você pra eu poder te relembrar disso tudo?
Você não me apagou das suas memórias. Você não esqueceu de mim. Mas se tiver esquecido, por favor, lembre-se. Preciso de você de volta.
*Livremente inspirado daqui
sexta-feira, 8 de julho de 2011
Na primeira noite. Por que não?
Quanto mais eu cresço, amadureço, mais dúvidas sobre as mulheres tenho. É como um exercício de, digamos, enxugar gelo, lavar carro com palha de aço ou simplesmente discutir indignado (já experimentou bater boca sem sentir raiva? É quase poético). Pois bem. Matutar sobre as razões feminianas me lembra o velho ditado: quanto mais mexe, mais fede.
Eu, por exemplo, sempre tive tenebrosas dúvidas da relação entre as mulheres e a primeira noite. Ou melhor, a entrega na primeira noite. Por que umas dão de prima e outras não? Com qual intenção uma jovem atraente pra lá de vinte e tantos anos, suada de tanto dançar e beijar, lhe diz: "Rum. Danadinho. Vamos devagar. Na primeira noite, não. Ainda é cedo."?
Simples mais seria, como diria o sábio Yoda, mestre dos Jedis e da gramática alternativa, se a nobre e precavida dama dissesse: "Olha, menino tarado, eu vou te dar. Mas na primeira noite, não. Primeiro você precisa ficar com mais vontade. Eu vou fazer umas carinhas sexy aqui e te deixar pegar ali. Mas só isso. Amanhã você me liga, me chama pra jantar, a gente bebe um vinho e depois eu lhe dou, okay?".
"Tem piriiiigo", diria o velho baitola da terra de Didi Mocó. Sinceridade tem limite, né não?
Até tem. Mas existem relações mais sinceramente prazerosas que outras. Eu, por exemplo, tenho uma amiga que mais parece a "Deusa Práxis" de tão prática para as coisas do coração que a moça é. Aprendeu com a mãe.
Desde a época em que ainda chamavam bullying de "brincadeira besta", a mãe desse achado humano, experiente e segura representante do comportamento feminístico, dizia: "Minha filha, se você gostar dele, não dê na primeira noite!". Ou seja, dê se não houver significado, se não der "liga", dê por esporte ou por puro impulso. Por amor, não dê.
Paradoxalmente genial. Besta somos nós. Homens fantasiados de onipotentes. Quando pensamos que a joia da noite está no papo, ela já foi embora antes de chegar.
Digo eu por isso: nunca subestime as mulheres. Nem tente desvendá-las. Ser enigmática é a principal característica. E no fundo no fundo, é disso que os homens gostam.
sexta-feira, 1 de julho de 2011
Promessas
Nós passamos cinco anos juntos. Fiz várias promessas a você: parar de comer bacon, ir ao teatro na próxima peça bacana, começar a malhar, beber menos, ler Paulo Coelho, ligar mais para a minha mãe, levar teu sobrinho comigo ao estádio...
Confesso que fiz muitas promessas impossíveis de cumprir, como aquela viagem às Ilhas Gregas de navio. Só eu e você, com tudo por minha conta. Ir todo ano pra São Paulo passar o réveillon na casa do teu tio rico e esnobe. Coisas que eu sabia que não cumpriria, mas que te fariam bem se eu prometesse. E me faria melhor ainda, por não te ver triste.
E agora faço nova promessa: vou te esquecer! Prometo que não te amarei mais, que não terei saudade dos teus pés gelados se esquentando nos meus ao deitar. Prometo que não sentirei falta das tuas inúmeras ligações ao longo do dia e nem dos teus chiliques quando eu me atrasava pras festas da tua mãe.
Prometo encontrar outro café tão bom quanto o teu. Prometo achar uma nova cobaia para os drinks que eu invento. Prometo guardar todas as fotos, cartas e recordações em caixas e queimá-las na fogueira de junho. Prometo apagar teus e-mails.Prometo até iniciar a dieta na segunda feira.
Prometo, inclusive, não cumprir nada disso só pra continuar sendo o cara por quem você se apaixonou.
Confesso que fiz muitas promessas impossíveis de cumprir, como aquela viagem às Ilhas Gregas de navio. Só eu e você, com tudo por minha conta. Ir todo ano pra São Paulo passar o réveillon na casa do teu tio rico e esnobe. Coisas que eu sabia que não cumpriria, mas que te fariam bem se eu prometesse. E me faria melhor ainda, por não te ver triste.
E agora faço nova promessa: vou te esquecer! Prometo que não te amarei mais, que não terei saudade dos teus pés gelados se esquentando nos meus ao deitar. Prometo que não sentirei falta das tuas inúmeras ligações ao longo do dia e nem dos teus chiliques quando eu me atrasava pras festas da tua mãe.
Prometo encontrar outro café tão bom quanto o teu. Prometo achar uma nova cobaia para os drinks que eu invento. Prometo guardar todas as fotos, cartas e recordações em caixas e queimá-las na fogueira de junho. Prometo apagar teus e-mails.Prometo até iniciar a dieta na segunda feira.
Prometo, inclusive, não cumprir nada disso só pra continuar sendo o cara por quem você se apaixonou.
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