No rádio o Herbert Vianna cantou “se eu nunca quisesse quem nunca me quis” e aquilo me bateu como uma marreta na cabeça. Se eu nunca quisesse quem nunca me quis, certamente a vida teria sido bem mais fácil. Mas teria valido a pena? Teria sido tão surpreendente? Eu teria todo o aprendizado que tive?
Quem ama e é correspondido vive. Mas quem ama sem ser correspondido sobrevive. E é na sobrevivência que conhecemos a dor. É a dor que nos traz a força.
Porque se eu nunca quisesse quem nunca me quis, não teria ficado debaixo de chuva esperando a Aninha chegar do trabalho pra encontrá-la “acidentalmente”. Não teria inventado um estranho gosto por vitamina de abacate com aveia, mel, tofu e amendoim, só para acompanhar a Márcia naquela lanchonete natureba.
Se eu nunca quisesse quem nunca me quis, não teria chorado ao ver a Helena beijando o Leco na festa de formatura. O álcool ajudou, é claro. Mas eu amava aquela menina. E ela nunca me quis. Nem como amigo. Essas experiências e algumas outras me ensinaram muito. Ensinaram a perceber que nem tudo o que queremos podemos ter, mas também que se nos esforçarmos, conquistamos pontos.
Aprendi que ouvir não faz mal para o ego, mas faz bem pra ter persistência. E aprendi que abacate, tofu, mel, aveia e amendoim dão diarreia.
Por isso, Herbert, se eu nunca quisesse quem nunca me quis, não seria o homem que sou hoje. Não teria ouvido os nãos que me fizeram aprender e crescer. Aliás, acho que se eu (e todos os outros homens do mundo) nunca quisesse quem nunca me quis, nem a Gisele Bündchen seria tão famosa. Afinal, ela só é quem é por ser desejada. E por não desejar nenhum de nós, mortais. Se bem que ela ainda não me conhece, né? Será?
Sensacional!!! hahahaha!Todo mundo se identifica.
ResponderExcluirÉ, a vida é assim né...a gente vai sobrevivendo e aprendendo, a cada não, a cada decepção... Adorei o desfecho do texto!
ResponderExcluir"Ser dois e ser dez e ainda ser um, se a vingança apagasse a dor que eu senti..."
ResponderExcluirMuito bom, meu caro!