Luquinha sempre foi um homem de dotes. Um líder em potencial. Mas a Sabrina... Ahhh! A Sabrina. Essa não se importava muito com aquelas qualidades, tão apreciadas pelas outras ninfas que perambulavam ao som do pancadão dos ipods. Aquilo o intrigava, claro. Quando somos jovens, é fácil nos entender. Queremos sempre o que não temos ou o que não vende. Apreciamos o proibido e escolhemos o mais difícil. Eis ai o problema da adolescência.
Pois bem. Luquinha já andava nervoso. Tentou conversas e nada. Fez cestas mirabolantes no basquete para atrair os olhares de Sasa e nada. Mandou cartas anônimas para instigar a curiosidade da moça... nada! Pediu que um amigo, o mais popular e desejado da escola, azarasse a moça, mas... nothing! Foi então que ele deixou de lado. Deu um tempo.
Sabrina não era dali. Tinha vindo de outra cidade, mais moderna, maior e mais rica. Devia estar achando tudo um saco. E mais: estava se dando bem com as colegas de turma e estudava bastante. Para não bancar o chato, se afastou. Mas continuou apaixonado, nutrindo aquele sentimento.
O fim de semana da Feira de Ciências chegou. Muita movimentação na escola. Luquinha estava ansioso. Faria uma apresentação com sua banda. O cara cantava bem. Antes das apresentações, gostava de ir para os fundos do prédio da piscina. Local discreto. Quase desconhecido. Escondido.
Tomou o rumo de violão na mão (não era sua especialidade, mas ele tocava) para aquecer a voz. Sumiu por detrás da sala de máquinas. Dobrou a pilastra. Parou. Branco. Imóvel. A sua frente, Sabrina. Encostada na parede, a moca beijava com voracidade uma garota desconhecida, à paisana. Talvez de fora. Talvez não. Talvez namorada dela. Talvez não.
Deslizava a mão por aquele corpo feminino, apertando-o. Como pode? Durante o estalar de lábios, ela abriu os olhos. Avistou Luquinha, ali tão diminuído quanto o carinhoso apelido que lhe deram. Continuou a beijar, sensualmente, para provoca-lo. Depois parou.
Sorrindo, disse com naturalidade para aquela com quem se entrelaçava. "Esse é o garoto". E aproximou-se dele. Parou em sua frente. Escorregou a mão direita por sua nuca e beijou-lhe com força, demoradamente, apalpando-lhe a bunda e as costas. Apos três dúzias de segundos, descolou e encostou delicadamente o indicador nos lábios do assustado Lucas, como se pedisse silencio. Falou:
- Você é muito talentoso... E insistente.
Calado, ele começou a andar de volta ao seu mundinho. Não conseguia pensar em nada.
Moral da historia:
Não importa a idade, as mulheres sempre nos surpreendem. Heheh
*Texto do Toty Freire, que por questões técnicas não conseguiu postar sozinho hoje!