sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Atrás do prédio da piscina*

Os sonhos têm poder. O Luquinha que o diga. Se apaixonou após sonhar com uma colega de classe. Quando chegou no primeiro dia de aula, lá estava ela. Aluna nova. Cabelos loiros. Escorridos. Corpo lindo. Liberava um ar de seriedade. Quase não olhava para os lados. O jovem Lucas, 15 anos, espinhas na cara, braços torneados pela maromba que virara moda entre os colegas, fã de playstation, música e livros. O cara era quase o símbolo da contracultura pop do colegial. Ao tempo que parecia pertencer à ala dos bombados de cabeçaa oca, surgia no palco tocando piano em dia de feira de artes.

Luquinha sempre foi um homem de dotes. Um líder em potencial. Mas a Sabrina... Ahhh! A Sabrina. Essa não se importava muito com aquelas qualidades, tão apreciadas pelas outras ninfas que perambulavam ao som do pancadão dos ipods. Aquilo o intrigava, claro. Quando somos jovens, é fácil nos entender. Queremos sempre o que não temos ou o que não vende. Apreciamos o proibido e escolhemos o mais difícil. Eis ai o problema da adolescência.

Pois bem. Luquinha já andava nervoso. Tentou conversas e nada. Fez cestas mirabolantes no basquete para atrair os olhares de Sasa e nada. Mandou cartas anônimas para instigar a curiosidade da moça... nada! Pediu que um amigo, o mais popular e desejado da escola, azarasse a moça, mas... nothing! Foi então que ele deixou de lado. Deu um tempo.

Sabrina não era dali. Tinha vindo de outra cidade, mais moderna, maior e mais rica. Devia estar achando tudo um saco. E mais: estava se dando bem com as colegas de turma e estudava bastante. Para não bancar o chato, se afastou. Mas continuou apaixonado, nutrindo aquele sentimento.

O fim de semana da Feira de Ciências chegou. Muita movimentação na escola. Luquinha estava ansioso. Faria uma apresentação com sua banda.  O cara cantava bem. Antes das apresentações, gostava de ir para os fundos do prédio da piscina. Local discreto. Quase desconhecido. Escondido.

Tomou o rumo de violão na mão (não era sua especialidade, mas ele tocava) para aquecer a voz. Sumiu por detrás da sala de máquinas. Dobrou a pilastra. Parou. Branco. Imóvel. A sua frente, Sabrina. Encostada na parede, a moca beijava com voracidade uma garota desconhecida, à paisana. Talvez de fora. Talvez não. Talvez namorada dela. Talvez não.

Deslizava a mão por aquele corpo feminino, apertando-o. Como pode? Durante o estalar de lábios, ela abriu os olhos. Avistou Luquinha, ali tão diminuído quanto o carinhoso apelido que lhe deram. Continuou a beijar, sensualmente, para provoca-lo. Depois parou.

Sorrindo, disse com naturalidade para aquela com quem se entrelaçava. "Esse é o garoto". E aproximou-se dele. Parou em sua frente. Escorregou a mão direita por sua nuca e beijou-lhe com força, demoradamente, apalpando-lhe a bunda e as costas. Apos três dúzias de segundos, descolou e encostou delicadamente o indicador nos lábios do assustado Lucas, como se pedisse silencio. Falou:

- Você é muito talentoso... E insistente.

Calado, ele começou a andar de volta ao seu mundinho. Não conseguia pensar em nada.

Moral da historia:
Não importa a idade, as mulheres sempre nos surpreendem. Heheh

*Texto do Toty Freire, que por questões técnicas não conseguiu postar sozinho hoje!

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