Na academia, ela me olha. Com uma laicra indecente, força de vontade e muita sensualidade. Ela é casada. Muito bem casada, segundo dizem por ai. Mas, na verdade, após alguns anos de união ninguém é completamente bem casado. Sempre haverão segredos.
O amor só é bom no cinema. Na vida, só é bom se doer. Mas casamento e amor muitas das vezes não tem nada a ver com sexo. Tornam-se coisas distintas, incapazes de mistura ou influência mútua. Você pode ser casado sem amar e muito menos fazer sexo. Pode fazer sexo sem amar ou ser casado. Ou pode amar sem fazer sexo ou colocar aliança no dedo. Tudo pode, se é que me entendem...
Enfim, lá vem ela. Passa por mim. E me vem o sinal. Canto de olho. Um olhar curioso, depois um sorriso provocante. Um belo indicador de que ali há uma curva para perdição. Eu viro, entro e acelero. Chamo para um papo. Direto, sem cerimônia, nem conquista. Afinal, não temos o que conquistar. Somos casados e pronto. Essa é a condição. Conversa vai, conversa vem, conversa quente.
- Vai fazer a hidro hoje? - pergunto
- Vou.
- E que a horas acaba?
- 10 da noite. Tarde, né?
- Ou cedo. Depende do que a gente queira fazer. Posso, discretamente, assistir a sua aula?
- rsrsrs. O que você quer de mim, hein?
Às 21h30 eu lá estava. Nadando na raia próxima, acompanhando aquelas pernas irem e voltarem debaixa d´água. Às 10 em ponto, ela finalizou os exercícios, mas resolveu nadar um pouco também. Não entendi (ou entendi) porque, mas aprovei, claro, e continuei.
Em 15 minutos, estávamos a sós. A luzes ainda acesas a espera do tratador e vigia. Ela saiu da piscina. Linda, cabelos longos, castanhos. E aquele andar... que andar! Subi também. Fui ao vestiário. Errei a porta e entrei no feminino. E lá estava a moça, inteiramente linda, brilhante.
Silenciosos, sorrimos e nos beijamos. Demoradamente, ardentemente e ilegalmente, nos beijamos. Ali ficamos por mais de 20 minutos. Apertados a mais pura vontade de transar. Simplesmente, trasar. Sem amor, nem pressão. Apenas uma leve e boa preocupação.
Após isso, um até logo e a sensação de praticamente nada mudou em nossas vidas. Só ganhamos alguns instantes a mais de diversão.