sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Sem empréstimo

Como assim, menina? Você vem, agora, me pedir emprestada a coleção de vinis do Chico como se não fosse nada? Depois de tanto tempo sumida você reaparece pra pedir um favor, nas suas palavras, “bobo” e não se dá nem ao trabalho de explicar o que aconteceu? Por onde você andou nos últimos 2 anos? Quer meus discos do Chico pra quê? Vai ouvir com quem?

Não, mocinha. Não é assim. Você não pode achar que vai voltar depois de ter me deixado sem nenhuma notícia sua e voltar a viver as coisas como eram antes. Tu não tem mais o prestígio que tinha. Não mesmo. A chave da porta mudou e você não entra mais sozinha pra poder revirar meus armários e prateleiras e levar o que quiser. Mesmo com a promessa de devolver rapidinho.

Eu não te empresto mais nada. Não tem coletânea de Chico, não tem antologia do Bandeira, não tem DVD do Poderoso Chefão. Não te empresto nem mesmo uma camisa pra você usar na manhã seguinte. Nem um filtro de papel pra você ir fazer café em casa. Não te empresto, nem dou mais nada. Principalmente porque você sumiu e até hoje não devolveu meu coração.

Um comentário:

  1. "Devolva o Neruda/ que você me tomou/ e nunca leu..."

    Bueno demais!

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