sexta-feira, 9 de março de 2012

Criador e criatura

O cara que inventou o amor, definitivamente, esqueceu de “desinventar” a saudade. Digo mais: ele também esqueceu de apagar de vez aquele papo de solidão. E é por isso que eu estou aqui escrevendo essas palavras. É para você, senhor inventor do amor, que com a bela intenção de criar algo bom acabou por tornar possível vários outros monstros.

Porque não é possível que um coração tão cheio de amor quanto este que bate aqui também se condoa de saudade. Não pode, não é justo, não é honesto. É inconcebível, é inimaginável. É um ultraje. É um afronte. É um acinte. É tudo mais que você puder imaginar. Se é que você ainda consegue imaginar algo depois de ter gasto todo seu tempo criando figuras tão horrorosas.

Então, senhor Gepeto do Coração, faça-me o favor de acabar com suas criações. Faça como Frankeinstein e morra. Quem sabe assim, sua criatura maléfica não se suicida junto. Suma, desapareça, vá embora. E leve contigo essa solidão. Carregue com você, num saco preto e sem possibilidade de respiração, essa saudade. Nem que pra isso você precise levar junto o amor.

2 comentários:

  1. kafkiano... coração palhaço, não cansa de sofrer!!! pqp.. aproveita e leva junto essa desgraçada que não me deixa pensar em outra coisa!

    ResponderExcluir
  2. OMG!
    Saudade é uma merda mesmo, mas eu sei porque ele não desinventou! Pq o amor se alimenta da saudade (entre outras coisas), sem ela a segurança vem e leva o cuidado, o carinho e a paixão pra longe e sem isso não tem amor!

    Beijos tomatinho!

    ResponderExcluir