sexta-feira, 20 de julho de 2012

Problema

De cabeça, pensando aqui, agora, sem fazer muito esforço, acho que já te escrevi uns seis poemas e umas três músicas. Com certeza tem bem mais que isso. É que eu ando meio cansado, com a memória ruim, e já faz tanto tempo desde a adolescência.  Tanto tempo desde que comecei a te desejar que já perdi as contas mesmo.

As músicas, em geral, falam sobre meu amor por você. Sobre meu desejo, meus sonhos e toda a vida linda que construí pra nós dois. Duas são bossas que compus, letra e melodia, no piano. A outra tá mais pra um blues sofrido. Bem lento, cada nota dedilhada com calma no violão.

Os poemas já são mais, como poderia dizer... Eróticos. É, acho que é o melhor termo. Falam de cada detalhe do teu corpo. Tem um soneto inteirinho dedicado àquelas covinhas que você tem nas costas, logo acima das nádegas. Aliás, sua bunda, redonda, lisa, formosa bunda, também tem umas linhas dedicadas à ela. E também aquela pintinha que você tem abaixo do umbigo.

O problema é que você nunca leu nenhum desses poemas. Nem nunca ouviu nenhuma das músicas. O problema é que não sei nem se você gosta de bossa ou blues. O grande problema é que não faço a mínima ideia se você tem covinhas nas costas, pintinhas abaixo do umbigo, uma bunda linda, olhos verdes, cabelos encaracolados ou pele branca.

O problema é que você tem todos esses poemas, todas essas músicas e agora esse texto. E eu não sei nem se você existe. Ou se é só mesmo mais uma das minhas fantasias. O problema é que não sei se você é minha salvação ou o motivo de eu estar preso aqui.

Só sei que lá vem aquela mulher de branco com o copinho d'água e os comprimidos. Só sei que eles me fazem esquecer de você. Só sei que tem uma semana que finjo engoli-los pra cuspir depois. Só sei que essa pode ser minha última homenagem.

Aparece, por favor?

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