sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Coração abandonado

Esses dias, estava aqui em casa arrumando umas gavetas. Você sabe, né? Eu tenho dessas coisas de parar pra organizar o que vai ficando bagunçado com o tempo. Sim, já passava da meia noite, como sempre. Mas enfim, não é isso que eu ia contar. Eu ia dizer que estava num desses meus arroubos de organização madrugada a fora, jogando uma porção de papel, recibos, contas pagas, entre outras bobagens fora e, aí, você nem vai imaginar o que eu achei.

Achei teu coração. Não o teu, esse que bate aí no peito. Mas o meu. O meu coração que era teu.  O meu coração que te dei naquele domingo de tarde, quando te conheci, entre uma gracinha e outra, uma contação de vantagem pra cá, outra pra lá e percebi que era você a mulher da minha vida. Você nem sabe, porque, afinal, você nem me deu muita bola aquele dia. Mas foi lá mesmo que te dei esse coração.

E ele tava ali no fundo de uma gaveta. Meio amassado, empoeirado. Desbotado, coitado. Perdeu aquele viço do vermelho-sangue-vivo-forte. Perdeu a força, já não estava mais batendo.

Mas foi só eu pegá-lo na mão para que ele se aquecesse. Acho que minhas boas memórias de você foram como um choque de desfibrilador nele. Devagarinho, foi batendo. Tum Tum Tum Tum. O ritmo acelerou, minha lembranças também. Deu saudade e ele se inflou. A cor voltou.

E aí eu me perguntei: por que, mesmo, tudo acabou? Era tão bom. Tão bonito. Tinha tanto futuro, tanto amor.

Lembrei por quê. E o teu coração também. Imediatamente, ele voltou ao estado inicial em que o encontrei. Estado de abandono. Como você o deixou.

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