sexta-feira, 29 de março de 2013

Destino de amor*


*Por Bruna K Marques

Te conheci há alguns anos e nunca imaginei que um dia iríamos ficar juntos. Em um dos truques do destino, em mais um momento de crescimento, te reencontrei e me apaixonei por cada detalhe que compõe sua história.

Você chegou tranquilo, entrou na minha vida e tomou conta dela. Nestes 1028 dias, 9.423 horas, rimos, choramos, e amadurecemos juntos, superamos obstáculos e formamos a mais bela e perfeita família pronta.

Me surpreendo com a sua capacidade de me acalmar com um abraço apertado, ou com um sorriso largo, que certamente possui super poderes, afinal, consegue mudar até meu humor. Ao seu lado perdi o medo de enfrentar o mundo e fiquei mais forte.

Conviver contigo durante todo esse tempo, conhecer suas manias, qualidades e defeitos me fizeram perceber que a vida pode ser muito mais prática. Com você aprendi a compreender, me colocar do outro lado. Aprendi a cultivar o respeito, desenvolvi uma paciência nunca vista na história deste país, aprendi a escutar e conversar.

Em poucos dias nos tornaremos marido e mulher, colocando em prática as promessas feitas no altar, diante de Deus. Seremos mais do que nunca, super amigos, amantes, companheiros e cúmplices. Seremos um só, na saúde e na doença, na alegria e na tristeza, até que a morte nos separe.

A você só tenho a agradecer!
Amo você!


*O Blog Alguns Momentos publica, uma vez por mês – sempre na última semana –, um texto de um amigo do blog. Tem uma história para contar? Quer escrever também? Mande seu texto para blogalgunsmomentos@gmail.com

sexta-feira, 22 de março de 2013

Cuidado


É fácil dizer “se cuida”. Difícil é ouvir. Principalmente quando você está caindo no abismo, precisando de uma corda pra se segurar e é o dono da corda quem diz: Se cuida! E vira as costas, andando com o que te salvaria pendurado no ombro.

É claro que sei me cuidar. É claro que não vou morrer. Lá em baixo, no fim da queda tem um colchão de ar pra me amortecer. Mas pra que me deixar cair, é o que pergunto. Por que me deixar nessa queda longa, me debatendo entre pedras e galhos que tento agarrar no meio do caminho? Por que me deixar nessa viagem que parece interminável e que toma meu ar?

Qual tua necessidade de me ver sofrer? E sabendo que vou passar por tudo isso ainda vir me dizer “se cuida”. Porra! É claro que eu me cuido. Não vou deixar de tomar o remédio pra tosse. Não vou deixar de limpar as orelhas com cotonete. Nunca vou trocar as três refeições e os lanches saudáveis entre elas por porcaria e fritura. Não vou tomar refrigerante também. Sim, eu sei e vou me cuidar.

Mas adianta de quê? Eu não quero esse cuidado que me dou. Eu quero o seu cuidado. A tua ligação só pra saber se tá tudo bem, o teu e-mail com aquela promoção da loja que eu mais curto e você descobriu que tá em liquidação. Eu quero o teu colo. Teu peito pra me aninhar no domingo à tarde enquanto passa qualquer bobagem na tv. Eu sei me cuidar, mas eu quero que você cuide de mim.

sexta-feira, 15 de março de 2013

Na caixa


Guardava todo tipo de lembrança do amor em uma caixa de sapatos. Cartões, cartas, postais. Bilhetinhos sem propósito, contas de bar. Ingressos de cinema mesmo se o filme foi ruim, afinal, o beijo tinha sido bom. Passagens, recibos de hotel. Uma dobradura sem sentido num pedacinho de cartolina. Tinha o folder da exposição, o embrulho do bombom enrolado e com um nó - que desatado, valia um beijo.

A depender do tempo de duração as coisas de uma se misturavam a de outra. Afinal, nenhuma das duas foi realmente importante. A depender da intensidade da relação as coisas de outra podiam ir pro lixo. A depender do coração as caixas daquela se multiplicariam. Duas, três, quatro, cinco. Praticamente uma por ano, tantas eram as memórias ali guardadas.

Um pequeno baú do tesouro, daqueles para abrir numa manhã de Natal daqui muitos anos, com filhos pequenos em volta, a descobrir toda a história do amor que os formou.

O problema mesmo é que quando acabava ele se via forçado a comprar um novo calçado. Era preciso uma caixa nova pra guardar o que agora era só dele.

Pode ser tarde

Este texto é daqueles que se começa sem a menor vontade de escrever. Até porque meus textos sempre falaram de amor. Do meu amor. Do seu amor. Do nosso amor. E, agora, cadê? Aliás, cadê a vontade de comer, de sorrir, de correr, de dormir, de descobrir, de viver.

Cadê?

Aqui não vejo desde a que você foi vista pela ultima vez. Aqui não passa desde que você passou há um mês. Mas sei que assim como foi, volta. A vontade de comer, de dormir, de sorrir... O que me preocupa é só se na hora que você perceber o que fez, não vai ser tarde demais pra voltar a vontade de você.

sexta-feira, 8 de março de 2013

Menta com pedaços de chocolate


- E aí, qual teu sabor predileto?
- Acho que chocolate.
- O meu é menta com pedaços de chocolate. Tem o docinho do chocolate, mas também tem o azedinho gostoso da menta.
- Acho que nunca experimentei.
- Então espera que você prova do meu. Vamos lá pedir?
- Não, pode ficar aí. Eu vou lá e pego. Quer cobertura?
- Não, mas aceito um biscoitinho daquele.
- É “stick”.
- Como?
- “Stick”. É palito em inglês. Eles chamam assim.
- Olha só, Duda também é cultura.
- Ah, eu tento aprender algumas coisas. Peraí que já volto com teu sorvete de menta com pedaço de chocolate.
- Não esquece do “stick”!
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- Aqui o teu, com stick.
- Você não quis nada?
- Não. Eu gosto só do sorvete mesmo. E esse aqui é bom. Bem bom. Quer provar?
- Quero.
- Pode pegar.
- Hum! Bom mesmo. Quer do meu?
- Já que você disse que era tão bom... quero!
- Pera! Eu te dou na boca...

Beijo!

- Gostou?
- Posso provar mais um pouquinho?
- Hahahaha! Pode!

Beijo!

- E aí?
- É bem gostoso! Acho que vou passar a tomar mais desse.
- Você é um fofo, sabia?
- E você surpreendente!
- Como assim?
- Eu vim aqui morrendo de vergonha, pra te pedir desculpas pelas bobagens que fiz e você me recebe assim.
- Duda, você fez bobagem. Eu já fiz. O Teta, a Luana... todo mundo faz. Não é aquilo que vai me fazer mudar de opinião sobre você.
- E que opinião é essa?
- Que você é um fofo. E beija bem.

Vermelho, roxo, azul. Totalmente sem graça. Duda não imaginava que as coisas caminhariam dessa forma. Sua obsessão por Luana nunca tinha permitido que ele sequer notasse que havia outras garotas bacanas por aí.

Será que aquilo é que era se apaixonar? Sentir-se bem, feliz, com vontade de se ver o tempo todo. Sorvete de menta com pedaços de chocolate. Ele nunca mais ia tomar outro sabor.

Este texto faz parte da primeira tentativa deste blog de criar uma história longa e não apenas um conto. Acompanhe a continuidade dele pelo marcador #desenvolvimento

sexta-feira, 1 de março de 2013

SMS


Dormira praticamente o dia inteiro. Quando acordou a cabeça ainda doía e por isso só comeu e voltou a dormir. Isso significava que tinha passado o dia sem pensar no que fazer e sem nem dar notícias pra mais ninguém. Teta tinha ligado, mas provavelmente era pra falar merda ou dar uma ideia muito errada.
A Janaína tinha mandado um SMS.
Duda, tudo bem? To preocupada com você. Ainda tá passando mal? Beijos, Jana.

Porra, ela era legal mesmo. Ele precisava responder.

Oi, Jana. Tudo bem. Tava arrasado e acabei dormindo demais. Mas acordei agora e to bem. Só to morrendo de vergonha.
Vergonha de quê? Uma hora todo mundo passa por isso. =)
Vergonha de você, dos seus pais, de mim. Eu nem lembro o que fiz e pelo o que o Teta me disse, não fiz coisa certa. =(
Você não foi o mais comportado mesmo, mas também não teve nada de absurdo. Meu pai perguntou de você, mas nem ligou que você foi embora. Relaxa que tá tudo bem. E vê se melhora. Nos vemos amanhã na aula.
Ok. Obrigado. Mas eu posso, pelo menos, te pagar um sorvete hoje? Pra ter menos vergonha?
Claro! Que horas, onde?
Passo aí umas quatro. =)
Te espero.

- Fala senhor Carlos Eduardo de Ressaca da Silva Cabeça Latejante!
- Teta, preciso de um favor!
- Que foi moleque?
- Me empresta uns 50 reais?
- Quê? Tá bêbado ainda?
- Sério, pô!
- Pra quê?
- Depois te conto. É só até minha mãe chegar mais tarde. Te pago amanhã na escola.
- Pra quê?
- Não to com tempo, depois eu te conto!
- Tu comeu a Jana, gozou dentro e ela não toma nem anticoncepcional, né? Agora quer comprar pílula do dia seguinte!
- Não, Teta! Não é isso. Tá longe disso, mas se tu me emprestar o dinheiro eu compro camisinha pra não correr esse risco.
- Vai trepar!!! Dudinha, tu vai trepar?
- Eu vou tomar sorvete, Teta.
- Sorvete?
- É, sorvete. Tava falando com a Jana por mensagem agora. Chamei ela pra tomar sorvete. Pelo menos pra pedir desculpas por ontem.
- Ok. Vai que do sorvete ela resolve chupar outra coisa, né?
- Me empresta ou não?
- Passa aqui, trouxa.
- Tem almoço aí?
- Tem.
- Então, to indo almoçar.

Da bebedeira, à amnésia. Da ressaca ao sorvete. Nem Duda se reconhecia. Mas já que tudo aquilo estava acontecendo, era melhor ele aproveitar. Ainda pensava na Luana, mas... ela sempre foi uma coisa meio inalcançável, né?
E ainda tinha aquele papo do Teta de menina fazer propaganda e tal. Era muita coisa na cabeça dele. Deixa acontecer, pensou.

Este texto faz parte da primeira tentativa deste blog de criar uma história longa e não apenas um conto. Acompanhe a continuidade dele pelo marcador #desenvolvimento