sexta-feira, 26 de abril de 2013

Sobre ser feliz pela felicidade dos outros*


*Por Iêda Campos e Paulo Mesquita

É bem mais natural que fiquemos felizes com nossas conquistas, nossos sonhos realizados. Mas tem hora que a gente realmente se percebe humano e se dá conta que é muito bom ser feliz pela felicidade dos outros. Até porque, tem gente nessa vida que a gente pensa e chega à conclusão de que merece muito mais que nós.

E nessa, entre Brega e Rosas, Santo Antônio e amigos, Julia e Julia, festa e foto, Carnavalia e alegria, amores velhos e novos, varal de revelação e hashtags, dançamos até a música parar e as luzes se acenderem.

Mas nada disso fez a festa acabar. Porque aqui dentro continuou nossa festa. Na memória de quem subiu no palco pra cantar, na lembrança que quem rodou o salão atrás da Carnavalia, nas fotos impressas que enchiam os bolsos dos paletós, nos chapéus que se perderam e se acharam enrolados num vestido na manhã seguinte. Plaquinhas de “joga o buquê” e “time dos solteiros” no assoalho do carro. Tudo isso manteve, pelo resto da semana, as festividades na nossa cabeça.

E agora fica aquele sentimento de mais. Mais amor. Mais alegria. Mais amizade. Mais festa. Mais foto. E mais alegria pela alegria dos outros. Porque é nos outros que a gente se faz. E é em vocês que vamos nos espelhar.

Amamos vocês. #brunaclaudio2013


*O Blog Alguns Momentos publica, uma vez por mês – sempre na última semana –, um texto de um amigo do blog. Tem uma história para contar? Quer escrever também? Mande seu texto para blogalgunsmomentos@gmail.com

Conversinha

*Por Maria Carolina

Paula: Tô aqui me concentrando para lembrar o que você disse sobre homens não agirem como nós e não mandarem recado. Oooooonnnnnnnnn.

Alice: Hahahaha. Lembre-se: homens dizem as coisas que são. Eles não são como nós que medimos as palavras, pensamos detalhadamente o que queremos dizer e dizemos o contrário. Eles não mandam sinais.

Paula: Tá, mas assim, o Rodrigo me disse que queria muito almoçar comigo, mas não podia porque estava cheio de trabalho.

Alice: humm, e aí?

Paula: Não tá na cara que ele dizer que não quer mais?

Alice: Não! Quer dizer que ele gostaria muito de almoçar contigo, mas não pode porque está cheio de trabalho.

Paula: Tá bom, mas e quando ele diz isso semanas seguidas.

Alice:  Bom, se a mesma frase se repete muitas vezes, a palavra “verdade” passa a se chamar “ei, vou te manter por perto pra quando precisar, mas não é nada mais que isso”.

Paula: Aí, tá vendo? Te peguei, te peguei!

Alice: Meu, o Rodrigo disse isso a você várias vezes?

Paula: Não! Só hoje!

Alice: Então nesse caso, minha amiga, você está fazendo uma pegadinha pra você mesma, não pra mim. Usando sua criatividade pra algo que não existe.

Paula: Aham, tipo aquele dia que o Marcos passou o dia inteiro de folga dormindo e você criou um milhão de hipóteses né? Hahahahaha.

Alice: Besta! Sabe que até hoje eu me pergunto o que eu teria feito se ele realmente tivesse sumido.

Paula: Você ainda se pergunta? Se esse cara tivesse sumido, minha amiga, você teria o encontrado  no inferno. Teria acampado no bloco dele até o coitado aparecer.

Alice:  Hahahahaha. Se eu pudesse, formaria uma liga de ir cobrar explicações desses covardes. Não sei qual é a dificuldade o cara dizer: meu bem, acabou, não gosto mais de você. Como diz Adele: this is the end.

Paula: Não entendo esse teu prazer em querer ouvir deles que eles não querem mais.

Alice: Não é a prazer, só quero trabalhar com a verdade.

Paula: Aham, tá. Verdades tipo o Guilherme te diz pra te enrolar né? Qual foi mesmo a última dele?

Alice: Ele disse que eu tenho que buscar a minha felicidade e se ele não pode me dar isso, melhor se afastar.

Paula: Falando sério agora.  Eu acho de verdade que ele gosta de você, é apaixonado por ti, mas é covarde. Acho que ele não fica contigo porque tem medo de você fazer com ele o que fez com o Henrique.

Alice: Meooooo, qual é a sua? Já falei, se o cara quer ter algo contigo e você quiser, ele vai ter.  Se ele não quer, ele vai dizer, como o Guilherme me disse. Isso é muito simples. Já viu “Ele não está tão a fim de você”?

Paula: Alice, o cara aguenta suas chatices, crises, ciúmes há três anos. Por mais que o tempo passe, ele nunca consegue te dizer não, mesmo quando estava iniciando um namoro. Se isso não é ser louco pela pessoa, se isso não é paixão, eu não sei o que é.

Alice: Bom, você não sabe o que é. Fato! E se ele quisesse algo comigo, eu seria a namorada e não a pessoa que ele estava procurando ALÉM da namorada. Dá pra entender?

Paula: Para de se boicotar e admita!

Alice: Ok, vou admitir. O Guilherme é louco, apaixonado por mim, me ama, não vive sem mim. Agora vou contar: um, dois, três, quatro, cinco, dez minutos se passaram. Não amiga, meu telefone ainda não tocou. O Guilherme não apareceu aqui me pedindo em namoro.

Paula: Mas você vai esperar muito, bem mais que 15 minutos, não é? Você já espera há três anos.

Alice: Aham, eu vou.


...

Alice: Tô aqui me concentrando para lembrar o que você disse sobre os recados subliminares que os homens tentam nos passar. Como é que é mesmo? Oooooonnnnnnnnn.


*O Blog Alguns Momentos publica, uma vez por mês – sempre na última semana –, um texto de um amigo do blog. Tem uma história para contar? Quer escrever também? Mande seu texto para blogalgunsmomentos@gmail.com

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Pedágio


- Oi.
- Oi.
- Como você está?
- Com saudades...
- Eu também.
- Mas você não pode reclamar.
- Por quê?
- Porque isso faz parte do pacote que você escolheu quando foi embora.
- Eu não sabia que seria assim.
- E você achou o quê? Que ia embora depois de cinco anos e ia ficar tudo bem?
- Eu só não achei que sentiria tanto. Não pensei nessa coisa de comprar pacote.
- Você quer me dizer que achou que ia virar as costas, ir embora, e que teus últimos anos iam se apagar e você voltaria a viver como no dia em que nos conhecemos?
- Não sei. Mas não é só saudade, sabe?
- Sei. A saudade é um dos muitos pedágios que você tem que pagar nesse caminho que você escolheu.
- É. Tô percebendo isso.
- Mas foi sua escolha. Problema, problema mesmo tenho eu, que queria ter seguido pela antiga rodovia, mas tive um pneu furado e agora tô aqui tendo que pegar carona, dividir gasolina e pedágio com gente que nunca vi e que ainda ouve funk no rádio.
- É só você não seguir viagem.
- E faço o quê? Desço do carro e fico jogado no meio da rua sem ter onde ir?
- Espera que pode passar outra carona.
- É. Pode ser. Um caminhoneiro bêbado que vai querer me comer na boléia. Tô fora, gata.
- Mas pode ser alguém legal também. Alguém que te leve de volta pra estrada certa e ajude a consertar seu pneu furado. Uma loira linda num carro conversível.
- Isso é coisa de propaganda de coca-cola. A única estrada que quero é a tua. O único reparo pro meu pneu é o teu amor.
- ...
- Se tua resposta é o silêncio, pra que veio me procurar? Pra que tá reclamando de saudade?
- É que eu não sei. Tô meio perdida,
- Sim, tá perdida. Você se perdeu quando mudou teu rumo. Entre nós, você sempre foi a piloto, mas eu era o navegador. Agora estamos aqui assim. Uma piloto sem rumo e um navegador sem ter quem o leve na direção correta.
- Tem como voltar pra essa estrada?
- Tem. Acha seu caminho de volta.
- Então to fazendo o primeiro retorno.

sexta-feira, 12 de abril de 2013

As coisas


Das coisas que eu ainda queria ver, não sei se verei, mas imagino, afinal minha criatividade nunca teve limites.

Você brigando comigo e chorando por um monte de bobagem só pra depois eu te abraçar e dizer que vai ficar tudo bem;
Tua cara de susto quando eu te fizesse uma próxima festa surpresa;
Tua cara de espanto quando eu te surpreendesse com uma viagem inesperada;
Tua cara de prazer quando te fizesse um novo prato;
Teus olhos cheios de lágrimas quando te entregasse aquele anel;
Teu sorriso de satisfação quando terminasse de arrumar tua casa nova;
Tua cara de quem segura o choro quando me visse no altar;
Teus nove meses de plenitude de beleza e alegria e, pincipalmente, os dois últimos quando você se resumiria a ser uma barriga;
Nossa mistura num serzinho tão pequeno e doce, que chamaríamos de nosso;
Essa criaturinha se desenvolvendo e se mostrando manhosa como a mãe;
Tua insegurança a cada passo novo dessa vida;
Tua segurança com cada passo em falso dessa vida;
Nós dois como dois velhos felizes de mãos dadas numa tarde de sol. Pra sempre.

Minha imaginação ninguém me tira.

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Eiffel


Eu comi a Torre Eiffel. Calma! Não fiz como aquele cara do livro que te dei lá atrás. Ele comia, literalmente, um 747, lembra? Uma prova de amor que queria dar pra moça que o desprezava. Mas não. Não é isso. Não to comendo a torre, o metal. Aliás, nem perto de Paris passei por esses dias.

Mas eu comi a Torre Eiffel. Achei aqui em casa. Escondido, esquecido entre vários outros pacotes, estava um de macarrão. Foi você quem comprou, eu lembro. Era um “estímulo” ao meu lado culinário e também a uma possível viagem romântica para nós dois.

Não deu certo. Não porque eu não quis cozinhar. Não porque eu não quis viajar. Mas porque você foi embora antes mesmo de guardar as compras.

Mas hoje eu cozinhei e comi a Torre Eiffel. E amanhã estou indo viajar. Não vou à Paris. Mas, onde estiver, vou lembrar que comi a torre. E ali, engoli você. Com molho e sem indigestão.