segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Matemática

Divisão, pelo menos até aquele momento, era apenas uma operação matemática. Podia ser simples, como dividir dez por cinco, ou um pouco mais complexa como sete por quatro. Mas enfim, nada que uma calculadora não resolvesse, ainda mais com toda essa tecnologia disponível ao alcance das mãos. Era assim que ela pensava. Principalmente ela, que sempre teve facilidade com números. Aos sete anos já sabia de cor e salteado a tabuada.

E essa era a única idéia que ela tinha sobre a divisão. Puramente matemático, nada relacionado às emoções. O mais próximo que o ato de dividir tinha chegado ao seu coração foi uma vez em que, ainda pequena, teve de repartir a merenda e o chocolate com a colega de sala que não tinha lanche.

Mas ter o próprio coração dividido era algo que ela não imaginava. Pelo menos não até aquela tarde de domingo. Um dia um tanto esquisito, é verdade. Aliás, um típico dia brasiliense. O frio seco e cortante pela manhã, o sol que maltrata ao meio-dia e a tarde cinzenta, ora quente, ora fria. Sensações estas que pareciam com as do seu coração e barriga ao ver, no mesmo local, o seu atual-ex amor e o seu ex-atual amor.

Confuso? Sim, muito confuso. Na verdade, nem ela mesma entendia quem era o quê. É fato que naquele dia nenhum dos dois era oficialmente o seu namorado. Ambos eram ex. Mas também era certo que ela não tinha deixado de amá-los. E por isso sentia-se dividida. E por isso o coração quente e a barriga gelada.

Não sabia a quem escolher. Não tinha certeza se queria a altura, a pele negra, os cabelos trançados, a voz grossa e os olhos claros que lhe traziam calma, serenidade e muitos sorrisos; ou se preferia a força, a pele branca, os cabelos lisos e dourados, o tom de certeza, confiança e clareza nas palavras, apesar da loucura de garoto rebelde.

É certo que ela não sabia o que queria. Um tinha sido seu companheiro por muito tempo, vivido muitos momentos e passado por muitos problemas. O fim do romance foi calmo, mas, ao mesmo tempo, conturbado. Muitas coisas ditas da boca pra fora. Muitas outras não ditas. Raiva, choro, saudade, boas e más lembranças, abraços, pedidos, sentimentos, desejos, indagações.

O segundo era mais recente. Uma paixão que apareceu do nada e foi ao tudo em pouco tempo. Mas depois retornou ao nada e novamente chegou ao tudo e nesse efeito gangorra acabou se perdendo. Foi menos traumático, se é que se pode dizer que um fim de relacionamento não é trauma. Mas a confiança daquele rapaz e a paz que ele transmitia fizeram com que as coisas fossem menos dolorosas.

E ela, ali, entre um e outro, sentindo-se como um solitário ipê em meio ao gramado da Esplanada dos Ministérios. Sem nenhuma calculadora que pudesse ajudá-la a resolver aquela operação. Por que será que ainda não inventaram uma fórmula para resolver as equações do coração?

Bem, ela não sabia. E ali, perdida entre os dois. Disputada feito cabo de guerra, preferiu relaxar, curtir a música e observar o sol se pondo atrás da Torre de TV. Afinal, na escola, quando ela não conseguia resolver o exercício bastava ir ao fim do livro e encontrar todas as respostas. Ela então, esperaria chegar o fim do seu livro de amor, e com ele a resposta que tanto procurava.

8 comentários:

  1. Nem preciso dizer, né???
    APROVADÌSSIMO!

    Fã nº1!!

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  2. Boa, garoto!!

    é, pra essa mina aí, resta esperar pra ver o resultado...

    e chega de contas: elas fazem a cabeça doer!!

    Abração!

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  3. Eu acho que ela precisa de uma novidade, um cara novo que a faça esquecer esses dois comandantes ai... Mas não é fácil assim. O amor só é bom se doer, dizia o poetinha. O problema é que os românticos lêem e escutam muito Vinícius...

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  4. ..............................



    Na dúvida não faça nada????



    ps: damm you Vinícius!!!!!!

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  5. definitivamente a menina que calculava encontrou a solução ideal. esperar pra ver o que acontece no fim da história!

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  6. Anônimo7/8/07 10:34

    Paulinho!!!
    É por isso q eu tenho o seu autógrafo no meu quarto!
    muito bom!
    bjsssssssss

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  7. Se ela quiser uma ajudinha...eu posso ficar com um!:}

    hehehe

    Bjks

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  8. Ai ai

    tá bom esse comentário né?

    Já daí muita motivação pro texto!
    Hahahahahaha

    Amo

    Beijos

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