- Alo Dudinha cade vc meu brother me liga!!
- Porra moleque vai se foder morreu foi? Da sinal. Quero saber como foi ontem.
- Já entendi. Tá metendo até agora ne malandro? Me liga seu cuzao.
Três mensagens do Teta no celular. Fora as cinco ligações.
- Filho, dá notícias pra gente. Seu celular só dá desligado. Liguei pro André e ele também não atendeu. O que vocês aprontaram essa noite? Liga pra gente. Beijos!
Mensagem de voz da mãe no celular. E três ligações.
Vamos as prioridades:
- Oi mãe! Não, tava só dormindo. A bateria do celular acabou à noite. Coloquei pra carregar agora... Não, o Teta nem dormiu aqui... Nada de demais. Não, tá normal minha voz... Lasanha? Ah, tá. Vou tirar de freezer. Beijos. Te amo. Manda beijo pro pai.
- Fala seu merda. Tu me largou lá ontem, caralho!
- Calma, Dudinha! Bom dia pra você também, mano. To vendo por essa sua calorosa saudação que você nem trepou ontem, né?
- Moleque, tu não imagina o que aconteceu.
- Bom, do jeito que você e a Jana tavam se pegando, do tanto que tu tava loucão e do tanto que tu apertava a bunda dela, eu pensei que vocês iam pra tua casa. Que rolou? Tu brochou?
- Calaaboca! Que história é essa que eu apertava a bunda dela?
- Porra! Ela deve tá com a bunda roxa de tanto que tu apertou. AhAhahahaah. Tu ficou bebaço! Mas eu senti um suingue legal entre vocês.
- Teta, eu não lembro de nada. Me conta.
- Cara, eu saí com a Luana pra pegar bebida e ficamos batendo papo, pra deixar vocês dois sozinhos. Aí vimos vocês se beijando e voltamos com cachaça...
- Até aí eu lembro.
- Já que vocês tavam ficando, saímos. A Luana ainda ficou um pouco lá, mas logo vi ela saindo fora com cara de poucos amigos. Perguntei se tinha acontecido algo e ela disse “nada. Por isso mesmo que to indo embora!”. Achei esquisito, mas nisso a Verônica chegou e a gente começou a se pegar. Tava numa pegação frenética lá no jardim, mãos em todos os lugares possíveis, aí a mãe dela apareceu pra buscar. Dei um rolé pela festa, não te vi. Fui ao banheiro mijar, tava maior fila, parece que tinha alguém passando mal lá dentro. Aí saí fora. Mijei na rua e fui pra casa.
- Era eu quem tava passando mal no banheiro...
- Sério? AuaahaUAHUa! O que rolou?
- Sei lá. Bebi, fiquei louco, passei mal. Acordei hoje na cama da Jana.
- Então tu comeu ela??
- Não. Todo mundo tinha ido embora, o pai dela foi buscar, ela ficou com pena e ele me levou pra casa todo vomitado. O cara me fez tomar banho.
- Onde ela dormiu?
- Com os pais.
- Porra, mas ela nem levantou na madruga pra ir te chupar um pouquinho?
- Nem que quisesse. Eu tava morto. Aliás, ainda tô. Fisicamente e moralmente. Que cara que eu vou ter agora pra falar com a Jana, Teta? Acordei na cama dela, vestida com a roupa do pai. A mãe dela pegou minha roupa suja e lavou! Eu fui embora de lá e a Jana disse que eles tinham ido ao mercado comprar coisas pra fazer almoço pra mim! Eu fui embora de vergonha. E agora to com vergonha de ter ido embora. Eu nem agradeci a Jana direito. Não dei nem um beijo de tchau. Não agradeci aos pais dela. Que que eu faço, velho?
- Moleque. Não sei... to de cara até agora que tu não comeu ela. Quando não te vi na festa, e pensando na pegação que vocês tavam, pensei que tu tinha levado ela pra casa, pra fechar a noite.
- Teta, prestenção, caralho! Tô falando de algo muito mais importante aqui, porra. Me ajuda.
- Pô velho, não sei mesmo. Tu tá ressacado escroto, né?
- Tô...
- Então, come uma parada tensa na gordura. Toma coca e muita água. E dorme. Quando tu acordar, vai estar melhor e vai pensar em algo. Tu é a cabeça pensante aqui. Eu sou só a cabeça metedora. AHAHaHAHahH
- Porra, não dá pra falar sério com você.
- Olha aí. Tu tá até mal humorado. Precisa dormir mesmo. Eu te falei tudo que tu tem que fazer agora, mas tu só presta atenção na sacanagem do final. Vai comer, vai dormir. Toma um remédio pra dor de cabeça. Quando acordar me liga de novo. Eu penso em alguma coisa, além de mulheres, até lá.
- Valeu velho.
- Tu tem comida aí?
- Tem, minha mãe deixou uma lasanha no freezer. Vou colocar no forno.
- Boa. Mete bronca. Falando nisso, tua mãe me ligou, mas nem atendi. Não sabia o que dizer pra ela, já que não tinha notícia tua. Não ia dizer pra véia que não sabia de você que ela brotava aqui em 10 minutos.
- Já falei com ela. Tá tranquilo...
- Dudinha, só uma outra coisa...
- Hum...
- Tu não aproveitou que dormiu no quarto dela e deu uma cheiradinha nas calcinhas?
- Tchau, Teta.
- AhAHahahahaha.
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Não tinha cheirado calcinha, mas o sutiã pequeno de renda preta estava no bolso da bermuda do pai dela. Tinha ido embora usando as roupas dele. Minha nossa, ainda ia ter que devolver as roupas do pai dela. Que baita vergonha.
Pegou o sutiã e analisou. Era lindo.
Foi pra cozinha colocar a lasanha no forno. Algumas coisas ainda martelavam na cabeça dele, além da própria ressaca: beliscou e apertou a bunda da Jananína. Isso podia ser bom. Ela ter deixado assim, tão de boa. Ou será que ele tava muito bêbado e chato e ela acabou nem conseguindo impedir? Caralho! Será que tinha feito mais merda? Se bem que se fosse isso, ela não tinha levado ele pra casa. Ou então ela é mesmo MUITO legal e, apesar disso tudo, ajudou ele.
Segunda coisa: Jana e Teta falaram que a Luana foi embora meio chateada, brava. Será por quê?
Voltou pro banheiro pra tomar banho. Levou o sutiã, treinou abri-lo. Era mais fácil. Tinha só um gancho, não eram três como o da vizinha. Ficou imaginando Janaína se despindo no banheiro, enquanto ele a observava deitado na cama dela.
Antes do chuveiro, bateu uma punheta.
Este texto faz parte da primeira tentativa deste blog de criar uma história longa e não apenas um conto. Acompanhe a continuidade dele pelo marcador #desenvolvimento